segunda-feira, 23 de maio de 2011

Amanda Gurgel: falando o óbvio, buscando o indispensável


A professora do Rio Grande do Norte Amanda Gurgel virou heroína da causa da classe, por melhores salários. Um vídeo no qual ela silencia os deputados do RN em audiência pública quando fala sobre a situação crítica da educação já tem mais de 1 milhão de visualizações no You Tube.

Em seu depoimento, Amanda Gurgel fala sobre o quadro da educação no Brasil apresentando seu contracheque de R$ 930 reais. “Como as pessoas até agora, inclusive a secretária Bethania Ramalho, apresentaram números, e números são irrefutáveis, eu também vou fazê-lo. Apresento um número de três algarismos apenas, que é o do meu salário, de R$ 930".

A professora continua seu discurso dizendo que "os deputados deveriam estar todos constrangidos com a educação no estado do Rio Grande do Norte e no Brasil. Não aguentamos mais a fala de vocês pedindo para ter calma. Entra governo, sai governo, e nada muda. Precisamos que algo seja feito pelo estado e pelo Brasil. O que nós queremos agora é objetividade”.

Mas o que ela falou de diferente? Disse afinal alguma novidade? Então porque dessa repercussão? Talvez a coragem de falar essa verdade na frente dos deputados do Estado e silenciá-los, deixando os mesmos sem condições de qualquer consideração.

O que há de novidade nisso tudo é que a própria mídia abriu espaço para a discussão apresentada pela professora ontem (dia 22) ela foi ao Faustão e falou novamente sobre a educação do país. O próprio Faustão disse que a educação do Brasil é ruim “desde a época de Cabral”. O fato é que estão reconhecendo que algo precisa ser feito pela educação, até por que eles sabem que nenhum país se desenvolverá sem que haja uma educação de boa qualidade, todos os países desenvolvidos prezam pela educação.

Destaca-se que não podemos colocar somente ela (Amanda Gurgel) como heroína, isso é o que a mídia quer, pois a colocando dessa forma passa a sensação que ela, e somente ela falou sobre os problemas educacionais do país. Como já afirmei, ela não disse nenhuma novidade, e sem tirar seu mérito isso é reflexo de uma luta de toda a classe.

Ela ressaltou durante o programa do Faustão toda a reivindicação sobre a má qualidade da educação e, defendeu a luta de classes “quando um professor entra em greve, os representantes políticos tentam abafar o caso, colocando os professores como responsáveis, mas na verdade aquele é o único momento onde estamos nesse sistema e que esses problemas vêm à tona, mas eles estão ali todos os dias, mas eles são abafados porque não tem divulgação em nenhum lugar, e quando estamos em greve, isso ganha uma grande repercussão na mídia e as pessoas passam a acreditar que a culpa é nossa, mas na verdade é culpa desse sistema que está estabelecido desde o império” afirma Amanda.

Ela é militante do PSTU, sendo assim quando ela fala em sistema, ela fala do capitalismo, como eu já afirmara em postagens anteriores, o problema da educação do país é estrutural, vivemos sob o domínio capitalista, onde se preocupam apenas com o capital.

E não nos iludamos com a “preocupação da mídia” na verdade se estão reconhecendo a melhoria da educação se deve a dois motivos principais: o primeiro é por que a má qualidade chegou a um estágio que não dá para esconder sua situação, ou eles fazem algo para mudar isso, ou passará a sofrer uma grande desordem em seu sistema, e isso eles não querem, e segundo como o país está em ascensão industrial, eles necessitam de mão de obra qualificada, daí a preocupação com o ensino técnico no país.

O fato é que as reivindicações provocadas pelos professores estão começando a serem vistos, mas por enquanto ainda só foi apresentada a ponta do iceberg, ou seja, muita coisa ainda falta para mudar a realidade do Brasil, porém aqueles que acreditam na revolução e na transformação em nosso país estão no caminho certo, e como disse Geraldo Vandré em uma de suas canções “vem vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”.

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