sábado, 5 de maio de 2012

Semiárido em situação de emergência


Cidades do Nordeste do país tiveram reconhecidos entre janeiro e abril deste ano quase três vezes mais decretos de situação de emergência em comparação com o mesmo período do ano anterior: são 417 em vez de 112, um aumento de 272%. O maior número dos últimos 5 anos. Esse total ultrapassa, também, os decretos na região em todo o ano de 2011, quando houve 297. Os dados levam em conta apenas os decretos aceitos pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) e publicados no "Diário Oficial da União".

O fato é que não é novidade a “seca” proporcionar grandes problemas na região semiárida, pois isso é um evento natural, todos os anos ocorrem estiagens na região, as vezes como esse ano, são mais fortes. Quanto às estiagens, os técnicos Francisco Girardi e Luís Teixeira do Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos – SP indicam que a seca é cíclica e acontece de intensidade menor de 13 em 13 anos e com período mais prolongado de 26 em 26 anos. Comprovaram isto através de análises das ocorrências de chuvas de relatos de autores históricos e das anotações pluviométricas mais antigas a partir de 1849. Estas análises apontavam para mais uma provável grande seca no período de 2005 a 2011.

Certo que estamos em 2012, mas isso comprova que a seca sempre estará presente no semiárido brasileiro, não há como combate-lo mas há como conviver com essa situação. A convivência com o semiárido visa captar água das chuvas para os períodos de grandes estiagens, é notável que muito tem sido feito nesse processo, como é o caso das cisternas, porém é necessário um maior investimento nessa área, como a construção de barragens subterrâneas, pois nota-se que a água para o auto sustento a cisterna consegue suprir, porém para o uso agropecuário e outras atividades necessárias ainda são ineficientes.

Precisa garantir ao pequeno produtor da região a sua produção agrícola e pecuarista, para isso é necessário mais que programas assistencialistas como o seguro-safra, é preciso maior investimento para a convivência com o semiárido.

Não diria que os políticos precisam abrir os olhos para isso, pois está claro que eles sabem disso, o que falta é acabar com as desigualdades existentes no país, entre elas, mudar a situação fundiária do país. Se houvesse isso a seca não prejudicaria tanto essa região o os que nela convive.

Dilma precisa vetar todas mudanças no Código Florestal


Por Luiz Zarref
Dirigente da Via Campesina Brasil

Especial para Página do MST
O projeto que altera o Código Florestal brasileiro, votado nesta semana na Câmara dos Deputados, representa a pauta máxima ruralista. A bancada apoiadora do agronegócio e defensora daqueles que cometeram crimes ambientais mostrou sua coesão e conseguiu aprovar um texto de forma entrelaçada, comprometendo todo o projeto.
O texto está de tal forma que se a presidenta Dilma vetar partes dele, continua a mesma coisa. Exemplo: se vetar a distância mínima de floresta recuperada na beira de rios que ficou em 15 metros – atualmente é de 30m -  o texto ainda fica sem nenhuma menção de recuperação nestas áreas. O turismo predatório em mangues também fica permitido, segundo o projeto.
Os ruralistas também aproveitaram para dificultar o processo de Reforma Agrária, com a restrição de dados governamentais para a população e até mesmo com a tentativa de anular as áreas improdutivas por desrespeito ao meio ambiente, tal como manda a constituição.
O pousio, ou seja, o descanso que se dá a terra cultivada, ficou sem qualquer restrição de tempo e de técnica. Isso acaba com o conceito de área improdutiva. O texto viabiliza as áreas que estavam paradas desde a década de 1990 com regeneração de florestas. São 40 milhões de hectares nesta situação.
Além disso, os ruralistas fragilizaram o Cadastro Ambiental Rural, de forma que a população não tenha acesso aos dados, escondendo todos aqueles que cometem crimes ambientais e ferindo o princípio da transparência governamental para a sociedade.
A presidenta Dilma tem 15 dias para anunciar seus vetos, mas movimentos sociais e organizações ambientalistas já estão mobilizados para que a presidente derrube integralmente o projeto que saiu do Congresso Nacional.
A presidenta tem nas mãos, ainda, vasto apoio de parlamentares, organizações camponesas, sindicatos, sociedades científicas, entidades da igreja pelo veto global.
O papel dos setores progressistas é fazer pressão, enfrentar ideologicamente os ruralistas e criar um clima para que a presidenta Dilma faça o veto completo desse projeto. O meio ambiente e a Reforma Agrária estão seriamente comprometidos com este texto que sai do Congresso Nacional.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Enquanto isso, um político qualquer...


Tremor de terra no município de Petrolina-PE é registrado por estações sismológicas

Após o tremor de terra ocorrido no último final de semana em vários lugares do município de Petrolina-PE, Dormentes-PE e Afrânio-PE, várias moradores da região ficaram preocupadas com a ocorrência de outros tremores e mais fortes.
 O evento foi registrado por diversas estações operadas pela UFRN. A hora de origem foi 15:48 UTC (12:48, hora local). A magnitude foi determinada em 3.1. Exemplos de registros pelas estações de Sanharó-PE (PCSA - Rede INCT) e Cabaceiras do Paraguaçu-BA (NBCP - Rede RSISNE) encontram-se abaixo:
Regitro  do tremor na estação PCSA, Sanharó-PE
 Registro do tremor na estação NBCP, Cabaceiras do Paraguaçu-BA

Os especialistas reconhecem que abalos sísmicos nessa área do Nordeste não são comuns, pois a região está no meio de uma placa tectônica e esses tipos de tremores ocorrem mais intensamente nos limites entre essas placas. No entanto, como é o caso de Caruaru-PE existem fissuras rochosas a qual chamamos de falhas tectônicas e elas podem causar tremores de até 5 na escala Richter.

Não sabemos se este é o caso da região, porém seria de suma importância uma análise geológica na região, o que possibilitaria um melhor entendimento sobre o tremor de terra ocorrido no sertão pernambucano e consequentemente permitiria uma análise da frequência que um evento como esse poderia acontecer na região. No entanto sabemos que é improvável um terremoto de grande proporção na região, por isso não há motivos para pânico.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Possivel tremor de terra no município de Petrolina-PE


Possível tremor de terra foi sentido no sertão em algumas comunidades da cidade Petrolina-PE, não se sabe ainda se pode ter sido um abalo sísmico, o fato é que moradores da região ouviram um estrondo e a terra tremer. Alguns relataram sentir as mesas tremerem e as chaves da casa balançarem, alguns imaginavam que poderiam ser ocasionados por dinamites utilizadas para quebrarem pedras, no entanto, o tremor foi sentido em comunidades que ficam a 50 km de distância de outros locais que também foram sentidos, o que descarta a hipótese.
Ainda não foi notificado nenhum outro evento parecido na região, fazendo com que algumas pessoas da população local colocaram isso como “sinal do fim do mundo”. Talvez nunca se chegue a conclusão sobre esse evento ser ou não um tremor de terra, pois foi sentido apenas pela população local e não foi notificada por aqueles que estudam os abalos sísmicos no país o fato é que a ideia propagada por muito tempo de um Brasil essencialmente estável, livre da ocorrência de terremotos foi descartada a algum tempo. A sismicidade brasileira é relativamente fraca em comparação com outras regiões, mas é significativa porque aqui já ocorreram vários tremores com magnitude acima de 5,0 indicando que o risco sísmico em nosso país não pode ser simplesmente ignorado.

Por que são poucos e normalmente pequenos os  tremores de terra no Brasil

A teoria da Tectônica de Placas ensina que as regiões onde acontecem mais terremotos correspondem as bordas ou limites das placas e, no interior das mesmas, a sismicidade é relativamente mais branda, porque o acúmulo de esforços, que acaba produzindo o terremoto ocorre de forma mais lenta. Neste contexto, o Brasil teve a “sorte” de situar-se praticamente no interior da Placa Sul-Americana, distante de seus bordes leste e oeste, respectivamente representados pela Cadeia Meso-Atlântica e a zona de subducção da faixa andina.
Comparativamente, o Acre é o estado que apresenta o maior nível de atividade, tanto em número quanto no tamanho dos sismos, mas sua origem é distinta da sismicidade do restante do país. Para explicar este fato é preciso considerar que, o movimento relativo entre a Placa de Nazca, que mergulha por debaixo da Placa Sul-Americana, produz constantes terremotos cujos focos vão se aprofundando da costa do Pacífico, em direção ao interior do continente (veja o texto sobre Tectônica de Placas). Na área correspondente ao limite entre o Perú e o estado do Acre, os terremotos acontecem a grandes profundidades e, mesmo os de maiores magnitudes, têm seus efeitos na  superfície do terreno.
A grande parte dos sismos brasileiros é de pequena magnitude (   4.5). Comumente eles ocorrem a baixa profundidade (   30 km) e, por isso, são sentidos até poucos quilômetros do epicentro. Este é, quase sempre, o padrão de sismicidade esperado para regiões de interior de placas. No entanto, a história tem mostrado que, mesmo nestas “regiões tranquilas”, podem acontecer grandes terremotos. O leste dos Estados Unidos, com nível de atividade sísmica equivalente a do Brasil, foi surpreendido, no século passado, pela ocorrência de super-terremotos  com magnitudes em torno de 8.0.
É preciso investigar regiões intra-placas com maior detalhe em nível global. Pouco se sabe, ainda, sobre o estado de esforços nestas áreas. Considerando que nelas, são mais longos os períodos de recorrência de grandes terremotos, as regiões intra-placas se tornam, também, áreas potencialmente perigosas para sismos catastróficos. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A diferença...


Solidariedade aos estudantes da USP


da Página do MST

A terra, assim como a educação, são latifúndios que historicamente sempre estiveram nas mãos da elite brasileira, fazendo com que servissem somente aos seus interesses. Mas ao mesmo tempo, a classe trabalhadora se organizou para lutar contra esses latifúndios. O MST e o Movimento Estudantil são provas dessa organização da classe trabalhadora.

O que se viu na ação da Polícia Militar do último dia 8/11 foi mais uma demonstração da truculência e arbitrariedade com que o governo do estado de São Paulo tem tratado os movimentos sociais nos últimos anos, com a clara intenção de reprimir e criminalizar as lutas e os lutadores sociais que sonham em construir um mundo mais justo.

Porém, essa não é uma ação isolada. Faz parte da estratégia que o capital tem para com o nosso continente: transformar todos os bens em mercadoria. A educação e a terra, para eles, são somente mais uma dessas mercadorias. Da mesma forma acontece em outros países, como por exemplo no Chile e na Colômbia, onde leis de reforma da educação propostas pelos governos tem o claro objetivo de transformar a educação em mercadoria.
Mesmo com os avanços desses processos de privatização da educação, os estudantes seguem se organizando e se mobilizando, como demonstram os estudantes chilenos que estão em luta desde o inicio desse ano e os estudantes colombianos, que há cinco semanas estão em greve e hoje fazem uma grande marcha em defesa da educação pública. Para os estudantes chilenos e colombianos, todo nosso apoio e solidariedade.

É nosso dever e nossa tarefa defender uma educação pública, gratuita e de qualidade para o campo e à cidade. Não podemos permitir mais que fechem escolas no meio rural como vem acontecendo nos últimos 10 anos, onde mais de 37.776 escolas do campo foram fechadas. Temos que defender a autonomia e a democracia dentro das universidades e escolas, com eleição direta para reitores e diretores.
Lutaremos por mais verbas para a educação, tendo na bandeira dos 10% do PIB para educação o nosso instrumento de luta para melhores salários aos professores, aumentar a verba para assistência estudantil, expandir o ensino público com contratação de professores e técnicos administrativos e a melhoria da infraestrutura das escolas e universidades no campo e na cidade.

Repudiamos a ação truculenta e antidemocrática da polícia de São Paulo sob o comando do governador Geraldo Alkmin e do Reitor João Grandinho Rodas. Basta de repressão e criminalização das lutas sociais! 

Por esse compromisso histórico do MST com a Educação Brasileira, viemos por meio desta carta demonstrar toda a nossa solidariedade e apoio aos estudantes da Universidade de São Paulo, que lutam por autonomia e democracia nos rumos dessa importante universidade do nosso país para que ela represente de fato os anseios do povo brasileiro. 


Direção Nacional do MST
 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Agrotóxicos: segunda maior fonte de contaminação da água


Por Leandro Carrasco
Da Página do MST

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no último dia 19 de outubro, um estudo sobre o saneamento básico no país. Nele, um fato soa um tanto quanto curioso: constata que os resíduos de agrotóxicos são a segunda principal fonte de contaminação das águas brasileiras, atrás apenas do esgoto sanitário.

A análise apresenta ainda que, com 6,24%, os agrotóxicos ficaram a frente dos despejos industriais e da atividade mineradora como origens de contaminação. O uso indiscriminado dessas substâncias acaba afetando tanto a vida quanto a saúde da população.

A doutora Silvia Brandalise, presidente do Centro Boldrini, especializado em câncer infantil, localizado em Campinas e professora de Ciências Médicas da Unicamp, diz que por ser um composto derivado de benzeno, o agrotóxico é extremamente prejudicial à saúde, podendo disseminar o câncer. “O agrotóxico, a maior parte deles, tem como matéria-prima básica os derivados de benzeno. Os derivados de benzeno têm como ação importante a quebra de cromátides, que são elementos que compõem o cromossoma. Uma exposição aos derivados de benzeno ou à radiação, você consegue fazer uma mutação. Sendo assim, o câncer e outras doenças, que são mutações sucessivas, vão acontecendo na célula cronicamente exposta a esses produtos”, explica.

A utilização dos agrotóxicos em larga escala na agricultura chegou a tal ponto que é preciso parar com o despejo desses produtos, segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), Rosany Bochner. “A verdade é que chegamos a um limite. Não tem mais como falarmos apenas em diminuir ou usar outro tipo. É preciso acabar com o uso. Acreditamos que é necessário até mudar a maneira de como o Brasil lida com a produção de alimentos. Seria uma revolução maior”, afirma a coordenadora.

Outro grande problema apontado por Rosany é a questão dos alimentos geneticamente modificados, pelo fato de utilizarem “muito agrotóxico para o seu cultivo, em especial a soja. Com isso, toda a soja carrega uma quantidade enorme de produtos químicos na sua composição. Sem contar que os produtores que não utilizam os transgênicos, mas possuem agricultores vizinhos que os produzem, acabam por ter suas plantações também contaminadas”, explica.

Ainda segundo a coordenadora, o Brasil se habituou a utilizar a monocultura como forma predominante nas plantações, o que força os agricultores a aplicar os agrotóxicos.
“O que é proposto por especialistas de produção é a agroecologia. Entretanto, esse conceito iria mexer em uma questão cultural, já que hoje você tem todo mundo comendo a mesma coisa o tempo todo. Não há mais a produção de uma fruta, por exemplo, em determinada época do ano, e sim, a produção dela o ano inteiro, por conta da manipulação”, acrescenta Rosany.
Saúde
Chamados pela indústria de “defensivos agrícolas”, o uso de pesticidas ainda podem provocar danos na medula, a ponto de um transplante se fazer necessário. “O defensivo agrícola é um veneno para o homem, pois ele altera o cromossomo da célula. Uma das ações que ele faz no ser humano é diminuir a produção dos glóbulos brancos. Com a queda de glóbulos brancos, a imunidade cai. Isso provoca uma aplasia de medula, quer dizer, a medula óssea não produz mais os elementos do sangue. Nesse cenário, que é uma destruição global da medula óssea, só o transplante de medula pode resolver”, relata Brandalise.

Diversos estudos já comprovaram que foi detectada uma quantidade significativa de agrotóxicos em águas da chuva. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), existem teses que já provaram que essas toxinas foram encontradas no leite materno, o que prejudica na formação do bebê. Tanto para médicos, quanto para especialistas, a fiscalização das leis que regulamentam o uso dos agrotóxicos, e até a extinção deles, é essencial para que a saúde da população seja a prioridade na hora de se produzir um alimento.

Todavia, mesmo as legislações já vigentes que regulam a utilização desses produtos são pouco respeitadas pelo setor. “Existe legislação que proíbe a pulverização com veneno uma árvore que já tem frutos, por exemplo. Mas na prática se vê aviões pulverizando pés de banana, de laranja, etc., já com o fruto na árvore. Ou seja, a quantidade de derivado de benzeno que vai ficar nessa fruta é enorme”, salienta a doutora.

Além do fato de existirem diversos “produtos que estão com a quantidade muito maior de agrotóxico do que seria permitida pela Vigilância Sanitária. Nisso, os consumidores ingerem uma hortaliça ou uma verdura com um altíssimo teor”, enfatiza.

Intimidação

No entanto, apesar de já existirem diversos estudos que relacionam a contaminação da água por venenos agrícolas, Rosany destaca a dificuldade que há em associar causa e efeito nessa questão.

“O Sinitox registrava apenas intoxicações agudas. Contudo, com a contaminação da água, pode-se levar uma população a desenvolver uma desintoxicação que será crônica. O sistema de saúde não irá registrar essa intoxicação como causada pelos agrotóxicos, pois ao longo do tempo é que irão aparecer os problemas. Verificar esse nexo causal, provar que existe essa relação, é muito difícil”, explica.

“É nessa incerteza que as indústrias se beneficiam, porque quando se vai fazer qualquer tipo de denúncia, ela exige que tenha uma comprovação de nexo causal. Como ainda não se tem essa relação, essas empresas acabam entrando na justiça contra quem declarou qualquer coisa, intimidando as pessoas de fazerem qualquer tipo de declaração. E por essa pressão, as pessoas acabam não falando sobre o assunto”, conclui.

Aumenta incidência de câncer e bebês malformados em regiões de soja transgênica


Da AS-PTA

Por quase 10 anos, os moradores de áreas rurais e periurbanas da Argentina onde a agricultura industrial vem se expandido têm recorrido a autoridades políticas e aos tribunais de justiça, bem como protestado diante do público, por causa dos problemas de saúde que suas comunidades vêm sofrendo em função da pulverização de agrotóxicos usados nas diferentes culturas agrícolas.

Nesses locais, chama a atenção o aumento do número de casos de câncer, de nascimento de bebês com malformações e de problemas reprodutivos e hormonais desde que a pulverização sistemática de agrotóxicos se generalizou. As reclamações das cidades-pulverizadas têm sido confirmadas por equipes médicas que atuam nessas regiões, mas as respostas do sistema público de saúde e o envolvimento das universidades públicas com o problema têm sido escassos e limitados.

Buscando promover um espaço para a análise acadêmica e a reflexão científica sobre o estado da saúde em cidades-pulverizadas, bem como ouvir e apoiar os profissionais de saúde que vêm denunciando estes problemas, a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional de Córdoba promoveu em agosto deste ano o Primeiro Encontro Nacional de Médicos em Cidades-Pulverizadas. Médicos, outras equipes de saúde e pesquisadores de diferentes disciplinas atuando no país foram chamados a apresentar suas experiências, dados, propostas e trabalhos científicos. O evento reuniu mais de 160 participantes de dez estados e de seis universidades federais.

O relatório do encontro, apresentando os principais resultados dessas pesquisas, acaba de ser publicado.

Os relatórios e testemunhos apresentados pelos médicos presentes confirmam as observações clínicas, atestando uma série de doenças e problemas de saúde em pessoas expostas à pulverização. Embora as manifestações de intoxicação aguda (aquela que se manifesta poucas horas após uma exposição elevada a produtos muito tóxicos) representem a maior parte das queixas dos pacientes, o que mais alarma os médicos na maioria das cidades-pulverizadas são duas constatações: primeiro, o número de abortos espontâneos e de nascimento de bebês malformados é significativamente maior nas cidades-pulverizadas do que na média da população.
Segundo, nota-se também um aumento na incidência de câncer em crianças e adultos, além de outras doenças sérias como a Púrpura de Henoch-Schönlein (inflamação dos vasos sanguíneos), doenças hepáticas e neurológicas. Os médicos chamaram a atenção para o fato de que, em geral, vêm trabalhando nas mesmas comunidades por mais de 25 anos, e que as doenças observadas nos últimos anos são incomuns e estritamente relacionadas à aplicação sistemática de agrotóxicos.

Um exemplo contundente são os dados apresentados pela Dra. Ana Lía Otaño, representante do Ministério da Saúde no estado do Chaco. O relatório trazido por ela realça claramente o aumento dos casos de bebês malformados no nível estadual, de acordo com os números da principal unidade de saúde pública do estado, a Unidade Neonatal do Hospital J.C. Perrando, na cidade de Resistencia (capital do estado), que passaram de 46 em 1997 para 186 em 2008 (um aumento de 19,1/10 mil nascidos vivos para 85,3/10 mil nascidos vivos).

Os números do Hospital de Resistencia convergem com os dados apresentados pelo Dr. Horacio Lucero, diretor do Laboratório de Biologia Molecular do Instituto Regional de Medicina da Universidade Nacional do Nordeste, que há mais de dez anos vem estudando e registrando a relação dos problemas de saúde acima descritos com a exposição residencial (por vizinhança) aos agrotóxicos no estado do Chaco. O Dr. Lucero acrescenta que, nos últimos anos, o plantio de soja por grandes conglomerados agrícolas veio substituindo outras atividades agrícolas tradicionais na economia regional. Ele apresenta gráficos cruzando o aumento do plantio de soja no estado com o aumento no número de bebês nascidos com malformações.
A relação é ainda mais fortalecida quando é apresentado um mapa mostrando que o número de mortes de bebês causadas por deformações, anomalias cromossômicas e outros defeitos no nascimento é significativamente maior nas áreas de produção de soja e na cidade La Leonesa, que estão sujeitas a altos níveis de pulverização de glifosato e outros agrotóxicos.

Os dados apresentados pela Dra. Otaño também mostram que a incidência de câncer infantil é significativamente maior em cidades expostas aos agrotóxicos (como La Leonesa), quando comparada a cidades moderadamente expostas (como Las Palmas) e a cidades não expostas aos pesticidas (como Puerto Bermejo). A incidência de câncer infantil em La Leonesa é mais de três vezes superior que a de Puerto Bermejo.

Os médicos chamam a atenção para o fato de que o aumento do câncer e malformações congênitas nas áreas mencionadas acompanhou o aumento exponencial do uso de agrotóxicos desde a introdução das lavouras transgênicas.

Segundo o relatório, em 1990 foram usados 35 milhões de litros de agrotóxicos. Em 1996, a introdução das sementes transgênicas acelerou o uso de venenos, levando a um consumo de 98 milhões de litros. Em 2000 foram aplicados 145 milhões de litros. Em 2010 esse número já era de 292 milhões de litros, e espera-se para 2011 um consumo de mais de 300 milhões de litros de herbicidas, inseticidas, acaricidas, desfoliantes e outras substâncias tóxicas. O glifosato sozinho deverá representar 200 milhões de litros nesse conjunto.

O relatório também menciona que o aumento do uso de glifosato verificado a cada ano deve estar relacionado ao desenvolvimento de resistência ao veneno pelas plantas invasoras. Os números indicam que em 1996 eram aplicados menos de 2 litros de glifosato por hectare, enquanto hoje algumas áreas recebem 10 litros por hectare. Em alguns casos chegam a ser aplicados quase 20 litros por hectare. E esses agrotóxicos são aplicados extensivamente, sobre grandes áreas.

Segundo geógrafos da Universidade Nacional de Córdoba, pelo menos 12 milhões de pessoas vivem em cidades rodeadas por lavouras pulverizadas por venenos. Para os médicos, são 12 milhões de argentinos que estão sendo diretamente fumigados.

Entre as propostas apresentadas pelos médicos participantes do Encontro ao final do documento estão a proibição da pulverização aérea de agrotóxicos, cuja deriva espalha incontroladamente substâncias tóxicas pelo ar, e que as universidades públicas passem a desenvolver e promover opções agroecológicas de produção.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

UNIR: fazendo o trabalho

Após ver a charge acima José Januário de Oliveira Amaral (reitor da UNIR) chamou uma coletiva de imprensa e declara para as câmeras e microfones que os professores são vagabundos e os alunos são bandidos.


Dois alunos foram à gráfica, buscar panfletos que contêm a charge O trabalho está sendo feito. O reitor ficou sabendo, e "ofendido" e pede providências à Polícia Federal. A PF levou os dois estudantes presos.

Não podemos aceitar isso, isso sim é inconstituicional, cadê nosso direito de expressão? Continuamos na ditadura militar?

Todo nosso apoio aos estudantes e professores da UNIR que buscam a melhoria das condições da universidade!

O que a mídia não diz: Greve da UNIR (Universidade Federal de Rondônia)



Ultimamente a mídia tem tratado muito sobre a ocupação da USP pelos estudantes, colocam a ocupação da principal universidade do país como um movimento de baderneiros e de “maconheiros”, porém eles estão lutando pela liberdade de locomoção e manifestação, já que depois que os militares passaram a “proteger” a USP eles perderam esses direitos.
No entanto, a mídia nacional nada tem falado sobre a greve da UNIR que se estende desde o dia 14 de setembro de 2011, quando os professores e alunos, em assembleias de suas respectivas categorias, deliberaram pela greve exigindo condições de trabalho dignas e transparência quanto ao uso dos recursos vindos do MEC. Segundo os próprios estudantes da universidade basta apenas uma visita a qualquer campus da UNIR para comprovar que a Administração Superior abandonou os campi.
A greve teve o apoio também de vários professores e em momento algum houve depredação do patrimônio público por parte dos alunos. No dia 21 de outubro, o professor de História, Valdir Aparecido de Souza, foi preso injustamente pela Polícia Federal. Passou a noite no presídio e no dia seguinte foi posto em liberdade provisória. A negociação pela verdade foi absurda. Também foi preso alguns estudantes que panfletavam divulgando as reivindicações.
 No dia 28 de outubro de 2011, foi realizado o laudo de vistoria técnica dos bombeiros.  A vistoria foi feita por amostragem e avaliou as condições das instalações elétricas, físicas e proteção contra incêndio e pânico. No dia 03 de novembro, aconteceu uma coletiva de imprensa no Comando Geral do Corpo de Bombeiros. Afirmaram que antes de interditar o campus, pretendem negociar com a Reitoria. Assinarão um TAC com a Reitoria e estipularão prazos para que as melhorias necessárias sejam feitas em caráter de urgência.
O fato é que até hoje, a UNIR continua em greve isso mostra a incompetência ou falta de vontade mesmo do estado em resolver os nossos problemas educacionais, a mídia como instrumento do capitalismo, colocam todas essas reivindicações como atos de vândalos e baderneiros, não mostram o quanto os estudantes da USP sofriam com a falta de liberdade, nem muito menos os da UNIR são prejudicados com uma universidade em péssimo estado.
A Luta deles e todos nós que repelimos todas as injustiças, é por um Brasil e um mundo que ainda não existe. Onde o social verdadeiramente esteja acima do capital, e que todos possam ter acesso a saúde e educação de qualidade. A mídia não diz isso porque eles estão a serviço do capital e são comandadas por grandes capitalistas, porém nós temos que analisar sempre os dois lados, analisar os fatos em sua totalidade, em 360º (graus).