quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os "Biocombustíveis" e as teorias populacionais

O biodiesel e o etanol, combustíveis derivados de fontes “renováveis”, foram desenvolvidos com objetivo de reduzir os níveis de poluição e os custos da utilização do petróleo, além de ser um futuro substituto do mesmo, pois sabemos que as fontes de petróleo tende a diminuir e/ou esgotar nos próximos anos.

Eles são colocados como biocombustíveis, pois emitem menos CO² (dióxido de carbono), do que os derivados do petróleo, no entanto surgem com eles outros problemas, pois para produzi-los necessita-se de muitas terras e no caso da cana-de-açúcar também de água em abundância, isso compromete e muito os recursos naturais. Adiciona a isso o fato que diminui também as terras para a produção de alimentos o que explica a recente dos mesmos e dos combustíveis.

Essa situação atual nos faz inevitavelmente lembrar a gasta teoria populacional malthusiana. Segundo ela, a melhoria das condições de vida em geral, provocaria um crescimento acelerado da população, de tal maneira que comprometeria os recursos alimentícios, gerando o alastramento da fome pelo planeta. Essa tese, explicitada aqui genericamente, caiu por terra há muito tempo no meio científico, pois sabemos que apesar da eclosão populacional que se iniciou no século passado passando a população mundial de 2 bilhões para cerca de 7 bilhões atualmente não se falta alimentos.

Porém, analisando o contexto mundial atual dá para se fazer um paralelo entre os discursos sobre a discussão que coloca em oposição produção de biocombustíveis e produção de alimentos?

O fato é que com essa e outras discussões fizeram com que alguns teóricos explicassem o subdesenvolvimento e a pobreza pelo crescimento populacional, que estaria provocando a elevação dos gastos governamentais com os serviços de educação e saúde. Isso comprometeria a realização de investimentos nos setores produtivos e dificultaria o desenvolvimento econômico.

Para os neomalthusianos, uma população numerosa seria um obstáculo ao desenvolvimento e levaria ao esgotamento dos recursos naturais, ao desemprego e à pobreza.

Afirmam também que é possível melhorar a produtividade da terra com uso de novas tecnologias, e que é possível reduzir o ritmo de crescimento da população através do planejamento familiar.
É bem verdade que não podemos achar que devemos explorar terras e mais terras e crer que ela sempre irá produzir. Antes se acreditava que os recursos naturais eram fontes inesgotáveis, hoje com a temática das mudanças climáticas sabemos que não é bem assim, nesse sentido nem mesmo o Brasil que é considerado rico em terras férteis não se pode dá ao luxo de desmatar para produção de biocombustíveis e não procurar formas que a substituam e sejam realmente fontes renováveis.

Destaca-se que nossas terras são utilizadas em sua maioria para a produção de alimentos que são exportados e consequentemente não são consumidos pelos brasileiros, além da produção do biocombustíveis, por isso sou contra o novo código florestal, pois temos orgulho de nossas riquezas naturais, no entanto ela são finitas e cabe a nós e especialmente ao Estado cuidá-la.

No entanto, contrariando a teoria neomalthusiana surge a teoria reformista. Segundo ela uma população jovem e numerosa, em virtude de elevadas taxas de natalidade, não é causa, mas consequência do subdesenvolvimento. Nos países desenvolvidos, onde o padrão de vida da população é alto, o controle da natalidade ocorre paralelamente à melhoria da qualidade de vida da população e espontaneamente, de uma geração para outra.

Nos países subdesenvolvidos, uma população jovem numerosa só se torna empecilho ao desenvolvimento de suas atividades econômicas quando não são realizados investimentos sociais, em especial na educação e na saúde. Tal situação gera um enorme contingente de mão de obra desqualificada que ingressa anualmente no mercado de trabalho. Para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio, é necessário enfrentar em primeiro lugar as questões sociais e econômicas.

O fato é que a pobreza é um problema político, nesse sentido deve ser resolvido com políticas que melhorem a qualidade de vida das pessoas. Os alimentos têm e em grande quantidade, o que falta são meios que toda a população tenha acesso a ela. Destaca-se que é importante o planejamento familiar, mas isso já está sendo feito em conseqüência das pequenas melhorias sociais que já ocorreram, nota-se que a tava de crescimento dos países desenvolvidos são bem menores do que os países subdesenvolvidos.

Vale ressaltar também que os principais responsáveis pela degradação ambiental não é a população em geral, mas sim grandes latifundiários e empresários capitalistas que estão preocupados apenas em produzir “dinheiro”, e não importam-se com os problemas ambientais.

Assim a produção do biocombustível pode acarretar futuramente não apenas a falta de alimentos, mas principalmente a degradação ambiental, pois na verdade de biocombustível ele só tem o nome. Destaca-se que isso é um problema estrutural como já afirmei em outras postagens não é possível haver desenvolvimento sustentável, e a pobreza é conseqüência do sistema atual vigente, portanto não há como aboli-la do capitalismo, somente poderemos viver num mundo igualitário quando houver uma transformação em nosso sistema político-econômico.

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