sábado, 30 de abril de 2011

Reforma agrária é garantia de segurança alimentar, avalia especialista

Por Maria Mello
Do Página do Sinpaf


A biodiversidade e a soberania alimentar mundiais estão ameaçadas, em escala crescente, pelo modelo agrícola originado nos EUA que se baseia em elevados índices de produtivismo, na homogeneidade genética e no uso intensivo de recursos naturais.

A leitura é do ex-presidente da Associação Brasileira de ReformaAgrária (ABRA), Gerson Teixeira, que discutiu o movimento sindical e as políticas públicas para a pesquisa e desenvolvimento agropecuário na tarde desta quarta-feira (28), durante o 10º Congresso do SINPAF.

Teixeira iniciou sua exposição a partir da análise do processo deexpansão ocorrido com a revolução na agricultura ao longo dos séculos 19 e 20, fortemente marcado pela concentração geográfica da oferta agrícola e de alimentos.

No Brasil, essa cartilha – a da chamada “Revolução Verde” - foiseguida à risca: a modernização da agricultura iniciada nas décadas de 60 e 70 dobrou, até meados dos anos 90, a participação do país na produção mundial bruta do setor. O especialista avalia, porém, que a queda do crescimento demográfico nos últimos anos contribuiu para que o Brasil atingisse esse patamar falsamente positivo, já que, mesmo produzindo mais, o protecionismo agrícola internacional mantém o país no posto de mero exportador de commodities em detrimento de produtos agrícolas.

Causa é efeito: agricultura sob ameaça de crise sistêmica

A atual tendência de declínio da rentabilidade da agriculturaprodutivista, decorrente do aumento dos custos e da queda dos preços agrícolas, pôde ser observada de forma mais contundente a partir de meados dos anos 90 e, segundo Teixeira, tem causas na natureza excedentária do modelo vigente. Já a elevação dos custos é reflexo,
para o assessor, da concentração, por parte de quatro empresasamericanas, de 80% do mercado mundial de sementes e de 75% dos produtos químicos.

Por que não há, então, colapso aparente na “fazenda” brasileira? Deacordo com Teixeira, a garantia de subsídios crescentes, benefíciosfiscais, o preço baixo da terra, os passivos ambientais, a permanente repactuação de dívidas e a precarização do trabalho no campo, entre outros fatores, garantem no Brasil a competitividade do agronegócio.

Aumento da demanda por alimentos x estagnação da produtividade

“A impressão que se tem é de que vamos nos deparar com severasrestrições a esse padrão de agricultura. Há riscos contundentes àsegurança alimentar num futuro de médio prazo”, avalia Teixeira. Este cenário se agrava com a demanda crescente por alimentos, decorrente principalmente da urbanização na China e Índia. Segundo dados da FAO, em 2050, a demanda de alimentos será 70% maior, e a procura por carnes aumentará em 100% em 25 anos.
As mudanças climáticas, provocadas e também afetadas pelo modelo produtivista (o uso de agrotóxicos, por exemplo, é responsável por emissões de gases prejudiciais e deve continuar crescendo 2,3% ao ano) também se inserem nas previsões negativas para a agricultura no futuro.

“Num cenário mais otimista, o IPCC estima em pelo menos 1/3 a queda de produtividade com o aquecimento global”, afirma.

Nova matriz tecnológica é desafio para a pesquisa

Agricultura diversificada, em menor escala, com menos química e eficiente economicamente. Este é o desafio posto para o futuro da agricultura “verdadeiramente inteligente”. Para evitar a falência frente à necessidade premente de expansão agrícola, será preciso incluir outros países no rol da produção e romper com o modelo vigente, diz o assessor. “A agricultura familiar e camponesa tem possibilidade de novo e arrojado protagonismo na economia agrícola mundial. Reforma agrária não é mais necessidade por democracia ou disputa de poder, é imposição para a segurança alimentar do futuro”.

Teixeira atribui aos trabalhadores das empresas de pesquisa agropecuária papel central no processo de transformação da referência da matriz tecnológica para o campo: “Na Embrapa, não se percebe movimento nessa direção de mudança do padrão dominante de pesquisa. 20% das pesquisas são associadas à Monsanto e a agricultura familiar fica na franja desse processo. Transformar esse cenário é tarefa dos pesquisadores e da sociedade brasileira em geral”, conclui.
Distribuição de alimentos
Para lançar a Campanha Salarial 2011 da categoria e defender mais investimento público na agricultura familiar agroecológica e o fortalecimento das estatais do setor, cerca de 800 trabalhadores da Embrapa, Codevasf, Pesagro, Emepa, Emparn e distritos de irrigação de todas as regiões do país distribuíram à população, nesta quinta (28/04), em frente ao Ministério da Agricultura, em Brasília, oito toneladas de frutas produzidas sem agrotóxicos, além de sementes de mudas frutíferas típicas do Cerrado. Apresentações musicais de forró e moda de viola animaram o ato ao longo da manhã.

Ao todo, foram distribuídos seis mil sacos de laranja Pokan na atividade, promovida pelo SINPAF dentro da programação do seu 10º Congresso. O evento teve início nesta terça (28) e será encerrado no sábado (31), e debate o plano de lutas do sindicato para os próximos três anos e sua inserção nas instâncias de discussão das políticas públicas para o setor.

“Nós queremos mostrar que é possível ter outra agricultura no Brasil, agricultura que promova um ambiente saudável, consumo saudável, população saudável, e que o Sindicato dos Trabalhadores da Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário irá cobrar das autoridades brasileiras políticas públicas para que essa agricultura seja efetivada”, afirmou Vicente Almeida, presidente do sindicato.

Entre os principais temas discutidos pelos cerca de 300 delegados, estão a saúde no trabalho, combate ao uso de agrotóxicos na produção de alimentos e a necessidade de ampliação das discussões sobre a reforma no Código Florestal Brasileiro (Lei 4.771/65).

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Saldo da Jornada de Lutas feita pelo MST em Abril

Da Página do MST


A Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, organizada no mês de abril, mobilizou 19 estados e o Distrito Federal somando-se ainda a atividades em Brasília, na Câmara dos Deputados, e um ato em memória aos 15 anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás.

Foram realizadas atividades em Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco e Tocantins.

Foram mais de 30 mil famílias em luta, totalizando 70 ocupações de latifúndios, mobilizações em 14 sedes do Incra, além de fechamento de estradas, acampamentos nas capitais, distribuição de alimentos sem agrotóxicos, debates com a sociedade, audiências públicas e ações em diferentes órgãos dos governos locais responsáveis pela Reforma Agrária.

“O balanço da jornada é bastante positivo e mostrou a força do nosso movimento, casando lutas de massa e atividades políticas. Fizemos ocupações de latifúndios e manifestações em 19 estados, além de audiência com ministros, governadores e secretários estaduais, atividades políticas no Congresso Nacional e em assembleias legislativas, distribuição de alimentos sem agrotóxicos para a população. É uma das jornadas de abril com mais ocupações desde 2004”, avalia o integrante da Coordenação Nacional do MST, José Batista de Oliveira.

O Movimento fez audiências com vários ministérios, buscando resolver o problema dos acampados e fortalecer os assentamentos, garantindo os direitos sociais das famílias. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) anunciou que o governo vai responder a pauta apresentada até o dia 2 de maio.

A jornada, promovida pelo MST em todo o país, é realizada em memória aos 19 companheiros assassinados no Massacre de Eldorado de Carajás, em operação da Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará, no dia 17 de abril de 1996.

A data é Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, a partir de proposta da então senadora Marina Silva.

Depois de 15 anos de um massacre de repercussão internacional, o país ainda não resolveu os problemas dos pobres do campo, que continuam sendo alvo da violência dos fazendeiros e da impunidade da justiça.

Veja as nossas reivindicações aqui

Informações sobre os estados:

Alagoas

Durante a Jornada de Lutas, mais de mil famílias promoveram ações em todo o Estado durante a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária. A BR-101 foi bloqueada nos municípios de Joaquim Gomes e Junqueiro. A agência do Banco do Brasil de São Luiz do Quitunde foi ocupada pelos agricultores da região e cerca de 200 famílias ocuparam a fazenda Luís Xavier. Ainda, ações de diálogo com a população estão sendo realizadas na cidade de Delmiro Gouveia.

Bahia

Desde o início do mês de abril, 36 fazendas foram ocupadas na Bahia, envolvendo mais de 10 mil famílias no estado. Cerca de 3 mil famílias acamparam na Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) de Salvador. Anteriormente, os Sem Terra estiveram no INCRA. O objetivo do acampamento foi garantir o assentamento de 25 mil famílias no estado, além de educação, saúde e crédito agrícola.

Ceará

O MST ocupou as sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, do governo do Ceará, em Fortaleza. Os protestos mobilizaram 800 famílias desde segunda-feira (11) e cobraram a realização da Reforma Agrária e políticas de desenvolvimento dos assentamentos. Foram realizadas também quatro ocupações de terra no interior do Ceará.

Distrito Federal

Mais de 300 famílias organizadas pelo MST ocuparam a "Reserva D", do núcleo rural Alexandre Gusmão, em Brazlândia (DF). A área improdutiva tem 4 mil hectares e pertence ao INCRA, desde 1962. Ainda na manhã do dia 14, cerca de 200 famílias ocuparam a sede do Incra do DF.

Na manhã do dia 14, na Câmara dos Deputados, foi realizado o seminário "Eldorado dos Carajás 15 anos de impunidade", no auditório Nereu Ramos, em Brasília. A atividade, proposta pelo deputado federal, Marcon (PT-RS), é uma forma de reavivar a memória daqueles que perderam a vida lutando pela realização da Reforma Agrária.

Goiás

Cerca de 800 famílias ocuparam o INCRA, permanecendo no local até que houvesse avanço nas negociações.

Maranhão

Cerca de 400 trabalhadores ocuparam as sedes do INCRA em Imperatriz e São Luiz e permaneceram no local até que houvesse avanço nas negociações.

Mato Grosso

Mais de 350 famílias do MST acamparam no Trevo do Lagarto, na saída de Várzea Grande, reivindicando legalização de assentamentos no Estado e melhoria na estrutura nos já existentes. Ainda, os sem-terra interromperam o tráfego nas BR 364 e 163, liberando-as após o inicio do diálogo. Como resultado das mobilizações, audiências com o INCRA foram realizadas, mas os trabalhadores e trabalhadoras continuam mobilizados até que as reivindicações sejam concretizadas.

Mato Grosso do Sul

Mais de 350 integrantes do MST ocuparam o pátio do Incra em Campo Grande e entregaram um documento ao MPF (Ministério Público Federal). No documento, o MST denuncia que há famílias morando em condições desumanas embaixo de lona em média de seis a dez anos, sofrendo prejuízos econômicos, de saúde, entre outros. Depois, eles seguiram do Incra até o prédio do MPF, distância de ao menos seis quarteirões, fazendo um protesto na avenida Afonso Pena.

Minas Gerais

Foi montado um grande acampamento na capital, Belo Horizonte, reunindo cerca de 1.500 Sem Terra de todas as regiões. A jornada tem o objetivo de denunciar que a Reforma Agrária está parada, a negligência do governo de Minas Gerais e a perseguição aos movimentos sociais.
Os Sem Terra acampados na praça da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, saíram organizados em duas colunas e marcharam em direção ao Tribunal de Justiça, na manhã de quarta-feira, para denunciar os massacres que continuam impunes e a perseguição que os movimentos sociais sofrem no Estado

Após a manifestação no tribunal, os Sem Terra seguiram em direção ao Incra, onde realizaram uma ocupação. Houve uma assembléia com o movimento, em que os assentados e acampados puderam expor todas as necessidades das áreas e deficiências nas ações da instituição.

Rio de Janeiro

Cerca de 400 famílias ocuparam a sede do Incra na capital, onde permaneceram acampados até que as negociações avançassem. Ainda, na manhã do dia 14, o MST foi homenageado com a maior comenda do estado do Rio de Janeiro, a Medalha Tiradentes. A cerimônia aconteceu às 10h, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, a partir de iniciativa do deputado Paulo Ramos (PDT) pelos 27 anos de lutas e conquistas do MST.

Rio Grande do Sul

Cerca de 500 assentados e assentadas ocuparam o Incra na terça-feira (12), em Porto Alegre. À tarde, as famílias iniciaram as negociações com o governo estadual para tratar da pauta de reivindicações que foi entregue ainda em fevereiro. Foi ocupada também a fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul. Os Sem Terra já saíram da fazenda depois de compromisso do governo Tarso.

Rondônia

Cerca de 500 famílias do MST ocuparam a sede da Unidade Avançada do Incra, em Ji-Paraná, em Rondônia. O protesto cobra agilidade do Governo federal no assentamento das famílias acampadas em todo o Brasil e também medidas para o desenvolvimento dos assentamentos, com a construção de escolas, estradas, poços artesianos e instalação de energia elétrica.

Santa Catarina

O MST realizou duas ocupações, na fazenda Xaxim I, localizada no município de Curitibanos, com 150 famílias, e da Fazenda Batatais, com 100 famílias, em Mafra. Militantes ainda tiveram audiências com o Incra do Estado para levar as reivindicações das famílias.

São Paulo

Em toda jornada no estado, foram realizados mais de 15 protestos, contando com a ocupação de seis fazendas, sedes do INCRA e ações públicas como doação de alimentos. Mais de mil famílias estiveram envolvidas em todo nas mobilizações.

Também no final de semana, cerca de 250 famílias se somaram aos 800 trabalhadores da Destilaria Guaricanga e ocuparam a área onde está instalada a empresa, no município de Presidente Alves (região de Bauru).

Sergipe

Cerca de 300 famílias realizaram um acampamento em frente ao Incra em Aracaju. As famílias reivindicam uma Audiência Pública com a Secretaria de Estado da Agricultura e com a superintendência do Incra. Pautando agilidade nos processos de desapropriação da Fazenda Tingui que completou 14 anos de luta e resistência das 230 famílias acampadas, assim como, liberação imediata de dois lotes empresariais para as 89 famílias do Acampamento Mario Lago que há 8 anos lutam pela conquista da Terra.

Pará

Entre os dias 10 a 17 de abril, o MST realiza a Semana Nacional de Luta Camponesa e Reforma Agrária no Pará, contando uma série de atividades que marcam os 15 anos do Assentamento 17 de Abril, como também relembra o Massacre de Eldorado de Carajás. Atos políticos e culturais estão sendo realizados no Assentamento 17 de Abril e no espaço do monumento na “Curva do S”, em Eldorado dos Carajás, além do permanente Acampamento Político Pedagógico da Juventude do MST, que contará com cerca de 1.000 jovens, vindo dos acampamentos e assentamentos de o todo.

Paraíba

Cerca de mil famílias participaram das mobilizações no estado, aonde ocorreram três ocupações no interior. Os Sem Terra também acamparam na sede do INCRA, em João Pessoa.

Durante a jornada, foi realizada uma audiência com o governador Ricardo Coutinho (PSB), durante a qual uma comissão de representantes do Movimento dos Sem Terra entregou uma pauta de reivindicações que inclui a desapropriação de terras via Interpa e Incra, a construção de escolas no campo, crédito para a compra de maquinários e incentivo à instalação de agroindústrias nos assentamentos. Também participaram da reunião o superintendente do Incra na Paraíba, Marcos Faro, o secretário de Governo, Walter Aguiar, e o deputado federal Luiz Couto (PT).

Paraná

O MST realizou um ciclo de audiências públicas para discutir o desenvolvimento em áreas de reforma agrária no norte e centro-oeste do Paraná. Estiveram presentes militantes do MST, além de Hamilton Serighelli, assessor para Assuntos Fundiários do Governo do Estado e o superintendente do Incra no Paraná, Nilton Bezerra Guedes. Ainda, visitas aos acampamentos e assentamentos se seguiram durante todo o dia.

Pernambuco

No estado foram ocupadas 15 áreas, em um total de mais de 3.000 famílias mobilizadas. Foram realizadas ocupações em latifúndios improdutivos nos municípios de São Bento do Una, Altinho, Igarassu, Joaquim Nabuco, Itambé, Sertânia, Petrolina, Granito, Inajá (duas), Lagoa Grande, Floresta, Ibimirim, Iatí e Serra Talhada

De acordo com o Incra de Pernambuco, 57% dos latifúndios cadastrados no órgão são improdutivos, o que dá um total de 411.657 hectares que devem ser destinados à Reforma Agrária. Essa área é suficiente para assentar as 23.000 famílias que vivem hoje acampadas em todo o Estado.

Isso sem contar as áreas devedoras da União e que desrespeitam a legislação trabalhista e ambiental, e que são, portanto, passíveis de desapropriação para Reforma Agrária, segundo a Constituição Federal.

Apesar disso, das 15.000 famílias do MST que vivem em acampamentos, muitas estão acampadas há mais de cinco anos, vivendo em situação bastante difícil à beira de estradas e em áreas ocupadas, que são vítimas da violência do latifúndio e do agronegócio.

Tocantins

Cerca de 300 famílias ocuparam a fazenda Dom Augusto, entre Palmas e Porto Nacional. O proprietário da fazenda é Alcides Rebeschini e não tem a documentação de toda a área. Dos 3 mil hectares de terra, apenas 1.200 hectares são titulados. Além disso, a fazenda está na lista suja do Ministério do Trabalho por prática de trabalho escravo a 100 trabalhadores no plantio de feijão. O caso veio à tona em 2005. O latifúndio deve ser destinado à Reforma Agrária, uma vez que parte da área é pública e o proprietário não cumpre a função social, por desrespeitar a legislação trabalhista.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dia Nacional da Caatinga



A caatinga é um dos mais recentes biomas brasileiros, com boa capacidade de regeneração, perfeitamente adaptada ao clima e aos solos locais. É um erro considerá-la como um bioma pobre em biodiversidade vegetal e animal, uma espécie de deserto.

Ela praticamente se confunde com toda a extensão do Semi-Árido, incluindo o conjunto de vidas – vegetal, animal e humana – que habita esse território. Já foi mais restrita, mas agora, com a incorporação do Norte de Minas, passou a ter uma extensão de 1.037.000 Km2, correspondentes a 12% do território nacional e 70% do Nordeste. Aí residem 12% da população brasileira e
63% da nordestina.14 Grande parte da população da caatinga ainda mora no meio rural.
Não são claras as razões que explicam a permanência de tanta gente no campo, sobretudo numa região que muitos consideram inviável. Talvez a população fique porque suas terras ainda não foram confiscadas pelo latifúndio, que não se interessou tanto por elas.
Mas há quem pense diferente. O povo fica porque construiu uma relação cultural profunda com o meio. O povo caatingueiro é apaixonado pela caatinga e, ainda que precariamente, aprendeu a viver em seu ambiente. A criação de pequenos animais, a apicultura, a água colhida em reservatórios escavados no chão e outras soluções possibilitam que o povo nasça, cresça e se reproduza, embora migre intensamente, para ir e para voltar.

A vegetação da caatinga também não é tão uniforme como se costuma pensar. Tem, pelos menos, três níveis. O primeiro é arbóreo, com uma altura variada de oito a doze metros, árvores de ótimo porte; o segundo é arbustivo, com uma altura de dois a cinco metros; o terceiro é herbáceo, com menos de dois metros. É uma vegetação que se adaptou ao clima. No tempo da seca, perde as folhas, mas não morre; adormece, hiberna. Várias plantas armazenam água, como o umbuzeiro, que tem batatas nas raízes, onde estoca reservas para os tempos secos. Muitas têm raízes rasas, praticamente captando a água na superfície, no momento da chuva.

Ao contrário do que muitos pensam, a caatinga é um ecossistema único, que apresenta grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo. Apesar desse bioma ser pouco conhecido, estudos identificaram até agora uma gama de espécies bastante ampla. A biodiversidade da caatinga se compõe de, no mínimo, 1.200 espécies de plantas vasculares, 185 espécies de peixes, 44 lagartos, 47 cobras, 4 tartarugas, 3 crocodilos, 49 anfíbios, 350 pássaros e 80 mamíferos. A percentagem de endemismo é muito alto entre as plantas vasculares
(aproximadamente 30%) e um pouco menor no caso dos vertebrados (até 10%).

O bioma caatinga foi reconhecido como Reserva da Biosfera em 2001 pela Unesco. Abriga sete parques nacionais, uma reserva biológica, quatro estações ecológicas, três florestas nacionais, cinco áreas de proteção ambiental, três parques estaduais, um parque botânico, um parque ecológico estadual e doze terras indígenas.16 A reserva biológica tem 190.000 km2 e se estende pelos nove estados do Nordeste, além do Norte de Minas. A finalidade principal é proteger a biodiversidade, combater a desertificação, promover atividades sustentáveis e realizar
estudos sobre o bioma.

(Texto acima foi retirado do Livro: Semi-árido: uma visão holística de Roberto Malvezzi).

Hoje, (dia 28 de abril) comemora-se o dia nacional da caatinga, mas não temos muito motivos para comemorar esse dia, não pelo bioma, pois ele é rico e merece nossa comemoração, no entanto este vem sofrendo pela degradação ambiental muito forte. Os pesquisadores constataram que esse é o terceiro ecossistema brasileiro mais degradado, atrás apenas da Mata Atlântica e do cerrado. 50% de sua área foram alterados pela ação humana, sendo que 18% de forma considerada grave por especialistas. A desertificação, encontrada principalmente em áreas onde antes se desenvolvia o plantio de algodão, apresenta-se bastante avançada.

Além do desmatamento, um sério problema enfrentado por esse domínio é a caça aos animais. A percentagem das áreas de caatinga protegidas por reservas e parques é muito pequena: 0,002%, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

O Ministério do Meio Ambiente já declarou seu interesse em transformar a caatinga em patrimônio nacional e assumir para si a responsabilidade da proteção. Mas não acredito que isso seja suficiente, pois o sistema atual vigente não privilegia a natureza, uma prova disso é o que acontece no vale do São Francisco onde imensas áreas da caatinga foram devastadas para implantar-se na região o agronegócio, modelo esse que visa apenas o lucro, diferente da agricultura praticada pelos pequenos camponeses que visam apenas o auto-consumo.

Destaco que não é pôr somente no Estado a responsabilidade desse bioma tão maltratado, pois este está a serviço do capital, mas deve ser uma luta do povo através de manifestações contra a territorialização do agronegócio e do latifúndio, pois estes são os grandes responsáveis pela degradação na Caatinga.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Para entender a Revolução Árabe e Africana

A onda de protestos em países no Oriente Médio e norte da África, inspirados no levante que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, também provocou a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, que estava havia 30 anos no poder. Os protestos se espalham também por Jordânia, Iêmen, Argélia, Mauritânia, Síria, Arábia Saudita, Bahrein, Marrocos, Sudão e Omã e ainda mais forte na Líbia e ainda a revolta contra a tentativa de resistência à saída do poder pelo ex-presidente da Costa do Marfim.

Essas revoltas só tem uma explicação...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Enquanto isso

Entenda o novo código florestal



Ainda nesse blog falei sobre o novo código florestal http://geografiaem360graus.blogspot.com/2011/04/novo-codigo-florestal-defendendo-o.html sendo assim não preciso dizer o que penso, sendo assim trago apenas o que poderá mudar com o mesmo para que vocês tomem sua própria decisão!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Agricultores em mais um ato de resistência

Mais um ato de resistência de proprietários rurais iniciou-se às 4h quando os mesmos, interromperam as obras no Porto do Açu, de propriedade da companhia LLX, do empresário Eike Batista, (O mais rico do Brasil) nesta segunda-feira (25). De acordo com informações da Polícia Militar, cerca de cem manifestantes incendiaram pneus e conseguiram bloquear o principal acesso ao porto, em um prolongamento da estrada RJ-240. Bombeiros foram chamados ao local.

Os agricultores protestam contra as desapropriações de terra que serão feitas na região para a implantação de um corredor logístico que vai atender ao porto. Engraçado é que a manifestação é tratada pela mídia como algo ruim, como se a empresa fosse a vítima da história, no entanto ela, (a mídia) oculta que para a construção do complexo centenas de famílias estão sendo obrigadas a deixar suas terras por uma mísera indenização.




Destaca-se que essa não é uma luta individual, pois o povo busca ser ouvido e essas manifestações ocorrem devido a contradição inerente ao capitalismo, quanto mais o Governo investe num falso desenvolvimento, nota-se que aumenta as desigualdades e consequentemente as manifestações. Só lamento que nem todos pensam assim, acham que aquelas centenas de pessoas estão indo contra o desenvolvimento do país, acreditam que um complexo como este que está sendo construído no RJ trará grandes benefícios, pois estes estão sendo iludidos pela ótica do "emprego", sem pensar muitas vezes nas condições dos mesmos.

O que não se pode é ficar calado e estático assim como os agricultores que estão sendo desapropriados de suas terras para a concretização de um novo projeto de irrigação em Petrolina-PE( 0 Pontal) onde os camponeses estão sendo obrigados a deixar suas terras em favor do que o Governo chamam de desenvolvimento, porém é mais um ato de exclusão do povo provocado pelo Estado.
Devemos sim, apoiar toda luta contra a injustiça, pois um indivíduo não pode ser benefiado as custas da desocupação de centenas de agricultores, porém quando se é o contrário, ou seja, quando centenas de agricultores ocupam terras de um indivíduo que não cumpre a função social destas terras, todos nós os condenamos e os julgamos bandidos e baderneiros.

Afinal de que lado nós estamos? Da justiça? Ou da que nos passam como justiça?

terça-feira, 19 de abril de 2011

A verdade sobre o MST


Quando se fala em MST (Movimento dos Sem-Terra) muitos já imaginam como um bando de baderneiros, criminosos que “invadem” terras que já tem donos, mas não é bem assim. O MST é um movimento sério que luta a favor da justiça.

O movimento se consolidou há 26 anos, em Cascavel (PR), quando centenas de trabalhadores rurais decidiram fundar um movimento social camponês, autônomo, que lutasse pela terra, pela Reforma Agrária e pelas transformações sociais necessárias para o nosso país. Nele faziam e fazem parte trabalhadores rurais sem terras que estão desprovidos do seu direito de produzir alimentos. Expulsos por um modelo autoritário historicamente implantado para o campo brasileiro.

Porém podemos dizer que o surgimento do MST está baseada nas lutas por terra que aconteceu ao longo de nossa história, desde os primeiro indígenas quando levantaram-se contra a mercantilização e apropriação dos invasores portugueses do que era comum e coletivo: a terra. O Movimento Sem Terra hoje, segue o exemplo de Sepé Tiarajú e da comunidade Guarani em defesa de sua terra sem Males, da resistência coletiva dos quilombos e Canudos, da indignação organizada de Contestado e das Ligas Camponesas que foram muito fortes no país até a ditadura militar.
Desde a sua fundação, o Movimento Sem Terra se organiza em torno de três objetivos principais:

• Lutar pela terra;
• Lutar por Reforma Agrária;
• Lutar por uma sociedade mais justa e fraterna.

As ocupações por terras são um modo de fazer serem ouvidos, pois o Estado, no sistema capitalista, por si só jamais fará algo para o bem da sociedade. Acaso se não fossem as inúmeras lutas travadas pela independência, o príncipe D. Pedro I teria gritado independência ou morte à margem do rio Ipiranga? Se não fossemos inúmeros protestos e lutas contra a ditadura militar estaríamos hoje com o direito de voto? Então porque Tiradentes é um herói e não podemos chamar o MST de um grupo que luta pela justiça?
Talvez por que estejamos vendo de um modo que a mídia nos passa, e ela está a favor do sistema atual vigente, tanto é que quando passa sobre o MST eles tratam o movimento e o ato como algo criminoso, e esquecem que eles ocupam terras improdutivas e, os artigos 184 e 186, garantem a desapropriação de terras que não cumpram sua função social.

O Brasil é um país de grandes desigualdades e isso não é uma novidade, agora os 150 maiores latifundiários ocuparem uma área que equivalem a dois estados de São Paulo enquanto milhões não têm terras ou possui terras menores de 100 hectares que não dá para se auto-sustentar, é um absurdo. Então porque condenar quem luta contra essa desigualdade?

Antes de condenar a ação dos movimentos sociais devemos perguntar antes o porquê. Aprendemos em física que toda ação gera uma reação, isso vale também para o nosso cotidiano, pois as lutas travadas pelos movimentos sociais são na verdade uma reação das ações contraditórias geradas pelo capitalismo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lutas de classes: quem é o maior?



Durante a história da humanidade vimos que a sociedade sempre foi dividida em classes, engraçado que a maioria sempre foram a classe baixa, enquanto uma minoria alta, dominam sobre essa maioria. O fato é que vários movimentos sociais buscam a superação da sociedade hierarquizada, no entanto eles nem sempre tem o apoio daqueles que deveriam apoiá-lo (classe baixa), isso porque a classe trabalhadora não são unidos, pelo contrário, consideram integrantes de movimentos sociais e sindicatos como pessoas baderneiras e até "bandidos".

O fato que é somente a união desses trabalhadores podemos fazer com que uma minoria que detém o poder continue a comandar a vida das pessoas, é por essa razão que Karl Marx em seu livro " O Manifesto Comunista" pediu: "Proletários de todos os países, uni-vos!"

Não podemos deixar que as forças dominantes digam o que devemos fazer e o que devemos pensar, é necessário que passemos a ver nossas ideologias como possíveis, como são. A união do proletariado poderá fazer com que mudemos a nossa história, como os burgueses mudaram na revolução francesa, quando os brasileiros conseguiram votar depois de muita luta contra o regime militar que durou 21 anos.

Sendo assim, como Marx um dia chamou, agora também vos chamo: "Trabalhadores de todo o mundo, vamos nos unir contra a política que nos dá valor apenas na hora do voto, contra os políticos que elaboram políticas públicas pensando apenas no seu ganho e não para a sociedade, contra a exploração trabalhista, contra as desigualdades, contra um sistema contraditório a qual estamos inseridos e a favor de um sistema utópico, mas possível.

Enquanto isso...

charge Aumento do Combustível

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Novo plebiscito sobre o desarmamento: afinal caso haja mudará alguma coisa?


Após o acontecido na escola em Realengo voltou à antiga discussão sobre a posse de armas. O senador José Sarney sugeriu que houvesse um novo plebiscito para que a população decida sobre o desarmamento ou não. Já houve um em 2005 e a população decidiu para que não, porém Sarney alega que a “população muda”, e por isso seria necessário um novo.
É bom saber que a população poderá decidir algo, mas será que a decisão mudará alguma coisa? O fato é que mesmo com a decisão do não desarmamento a partir das leis existentes de posse de arma restringiu o armamento às pessoas civis e até mesmo as não civis.
Gostaria de enfatizar que a decisão pelo desarmamento poderia diminuir a posse de armas, porém o contrabando continuaria. Acaso já viram algum bandido se preocupar com leis? Deixam de plantar maconha por que é crime? Deixam de roubar bancos porque eles têm câmera? Criminosos não têm limites.
Eu não sei o que eles querem com o plebiscito, mas sei que não mudará em nada, se mudasse seria ótimo, mas não é o caso. Vivemos num sistema que camufla a democracia, pois as pessoas tem pouco poder de decisão. Jamais um plebiscito será realizado para decidir o salário dos nossos governantes. O primeiro plebiscito só houve para esfriar a decisão sobre o mensalão, este poderia ser para corrigir o erro da população? Bom, não sabemos.
O fato é que necessitamos de mais segurança e incentivo a educação de boa qualidade. Não quero dizer que um analfabeto tem maiores chances de ser m criminoso, isso não, pois onde eu morava existem vários analfabetos ou que estudaram pouco e nem por isso se tornaram criminosos, quero dizer que quando um aluno está na escola e esta passa a transmitir não apenas conhecimento, mas também a educação moral diminuirá e muito a chances da criança que estuda nela vá para o caminho errado.
Mas não cabe somente a escola esse papel, o grande problema atual eu atribuo ao sistema que retira o valor da família. Os pais são obrigados a trabalhar muito para sustentar a família e muitas vezes acabam não tendo tempo para acompanhar seus filhos, para conversar com eles, passar tempo com eles. Isso faz com que os filhos não tenham a atenção devida da figura pai e mãe e muitas vezes isso prejudica a educação da criança.
Nesse sentido, o plebiscito sempre é interessante, no entanto no sistema atual vigente o munícipe, jamais terá o direito de votar em decisões de grande importância ou de grande interesse político, só com a transformação radical que é promovida pelos movimentos sociais defensores do socialismo podemos enfim decidir realmente sobre nosso futuro.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Gasolina aumentará novamente: a contradição de um país auto-suficiente em petróleo



José Sérgio Gabrielli está na comitiva que acompanha a presidente Dilma Rousseff na China. Ele admitiu que existe a possibilidade de aumento na gasolina caso o preço do petróleo se mantenha elevado. O fato é que isso indica que o Brasil se manter auto-suficiente em petróleo e a descoberta no Pré-Sal não possibilitará em diminuição do preço do combustível!



Luciano Hulk e a Presidenta Dilma: Loucura! Loucura! Loucura!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O veneno nosso de cada dia: os agrotóxicos invertendo o papel de nossos alimentos


É contraditório que nossos alimentos mais "saudáveis" sejam tão prejudiciais à saúde! O modelo agrícola implantado no país como em quase todo mundo, utiliza-se uma grande quantidade de agrotóxicos, isso faz com que os alimentos que chegam em nossa mesa, não seja tão saudável quanto deveria.

Pensando assim, foi Lançada no Dia Mundial da Saúde (7 de abril), a Campanha permanente contra o uso de agrotóxicos e pela vida pretende alertar que o veneno usado nos cultivos agrícolas brasileiros prejudica muito a saúde das pessoas e do meio ambiente.
De acordo com a organização da campanha, com os atuais níveis de utilização de agrotóxicos, cada brasileiro consome em média 5,2 kg de veneno por ano e o Brasil foi considerado em 2009, segundo o sindicato dos próprios produtores de defensivos agrícolas, o maior consumidor destas substâncias pelo segundo ano consecutivo. A campanha é organizada por mais de 20 entidades e movimentos sociais, que pretendem realizar atividades em todo o país para conscientizar sobre a necessidade de outro modelo de produção agrícola, sem utilização de veneno e baseado no respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente, para aí, sim, produzir alimentos verdadeiramente saudáveis.

Destaca-se que, os maiores usuários de agrotóxicos em suas plantações são os grandes latifundiários que estão interessados apenas em "defender" sua produção de pragas para que os mesmos não tenham prejuízo financeiro, já o pequeno camponês raramente utiliza deste método. A cidade de Petrolina - PE é um bom exemplo de como os agrotóxicos prejudicam e muito a saúde. A cidade tem a maior proporção de pessoas com câncer em Pernambuco e a quantidade chegou a este nível depois dos anos 1980 quando o agronegócio já estava firme na cidade.

Desde cedo aprendemos em casa e na escola que devemos lavar bem as frutas e verduras antes de comê-las, é uma prática que temos como lavar as mãos e escovar os dentes. É necessário pois, utilizar-se de métodos que não agridam a nossa natureza nem os alimentos nosso de cada dia. Esses métodos já existem, é preciso apenas pô-lo em prática, não podemos ficar quietos diante da situação que vivemos, sei que não somos nós (maioria de nós pelo menos) que usamos agrotóxicos em nossa alimentação e por isso podemos pensar que não podemos fazer nada.
Porém somos nós os consumidores, como a campanha nos alerta introduzimos em nosso corpo cerca de 5,2 kg de veneno anualmente, pode parecer pouco para alguns e exorbitante para outros, o fato é que elas prejudicam a nossa saúde.

Isso acontece porque o modelo capitalista só pensa em gerar renda, lucro, como já afirmara diversas vezes nesse blog. Muitos de vossos leitores podem achar o socialismo utópico, mas hão de concordar comigo que o sistema atual vigente é desumano, não é possível achar certo que algumas pessoas lucrem sem pensar na saúde do próximo.

O nosso Governo investe em campanhas publicitárias contra a dengue, a Aids, Tuberculose entre outros, mas é engraçado que nada se fala sobre o perigo dos agrotóxicos, será que é porque eles só compram alimentos orgânicos? Será que é porque fazer isso seria mexer com o modelo agrícola implantado pelo próprio governo? Ou será que é porque diminuiria o lucro deles?

O fato é que não podemos calar diante desse problema, ou vocês querem que os mesmo alimentos mais saudáveis sejam também os mais prejudiciais a nossa saúde? Essa contradição tem que acabar!

Plataforma da Via Campesina para a agricultura 26 de maio de 2010



Ao povo brasileiro e às organizações populares do campo e da cidade
O atual modelo agrícola imposto ao Brasil pelas forças do capital e das grandes empresas é prejudicial aos interesses do povo. Ele transforma tudo em mercadoria: alimentos, bens da natureza (como água, terra, biodiversidade e sementes.) e se organiza com o único objetivo de aumentar o lucro das grandes empresas, das corporações transnacionais e dos bancos.
Nós precisamos urgentemente construir um novo modelo agrícola baseado na busca constante de uma sociedade mais justa e igualitária, que produza suas necessidades em equilíbrio com o meio ambiente.
Por isso, fazemos algumas considerações e convidamos o povo brasileiro a refletir e decidir qual é o modelo de agricultura que quer para o nosso país.
Veja também
Ouça os programas de rádio da Via Campesina
Clique aqui para fazer o download da versão da plataforma em PDF
I – A NATUREZA DO ATUAL MODELO AGRICOLA
O atual modelo agrícola, chamado de agronegócio, tem como principais características:
1.Organizar a produção agrícola sob controle dos grandes proprietários de terra e empresas transnacionais, que exploram os trabalhadores agrícolas e têm o domínio sobre: produção, comércio, insumos e sementes.
2.Priorizar a produção na forma de monocultivos extensivos, em grande escala, que afetam o ambiente e exige grandes quantidades venenos, que prejudicam a saúde e a qualidade dos alimentos. O Brasil consome mais de um bilhão de litros de veneno por ano, se transformando no maior consumidor mundial!
3.Organizar o monocultivo florestal, como o de eucalipto e pínus, que destroem o ambiente, a biodiversidade, estragam a terra, geram desemprego, destinando a produção para exportação, dando lucro para as transnacionais e nos deixando a degradação social e ambiental.
4.Incentivar a ampliação da área de monocultivo de cana-de-açúcar para produção de etanol, para exportação. Novamente, causando prejuízos ao ambiente, elevando o preço dos alimentos, a concentração da propriedade da terra e desnacionalizando o setor da produção do açúcar e álcool.
5.Difundir o uso das sementes transgênicas, que destroem a biodiversidade e eliminam todas as nossas sementes nativas. As sementes transgênicas não conseguem conviver com outras variedades e contaminam as demais, resultando, a médio prazo, a existência de apenas sementes controladas por empresas transnacionais. Com o controle das sementes, essas empresas cobram royalties, vendem agrotóxicos de suas próprias indústrias e pressionam governos a adotarem políticas dos seus interesses.
6.Incentivar o desmatamento da floresta amazônica e a destruição dos babaçuais, através da expansão da pecuária, soja, eucalipto e cana, e para exportação de madeira e minérios. Somos contra a lei que autoriza a exploração privada das florestas públicas.
Diante da gravidade da situação, denunciamos à sociedade brasileira:
1.O modelo do agronegócio protege a exploração do trabalho escravo, do trabalho infantil e a superexploração dos assalariados rurais, sem garantir os direitos trabalhistas e previdenciários e as mínimas condições de transporte e de vida nas fazendas. Por isso, a bancada ruralista nunca aceitou votar o projeto que penaliza fazendas com trabalho escravo, já aprovado no Senado.
2.O projeto de lei do senador Sergio Zambiasi (PTB-RS), que pretende diminuir a proibição de propriedades estrangeiras na faixa de fronteira de todo pais, regularizam as terras em situação de ilegalidade e crime de empresas estrangeiras na fronteira, como a Stora Enso e a seita Moon.
3.As obras de transposição do Rio São Francisco visa apenas beneficiar o agronegócio, o hidronegócio e a produção para exportação, e a expansão da cana, na região nordeste, e não atende as necessidades dos milhões de camponeses que vivem no Semi-Árido.
4.A crescente privatização da propriedade da água por empresas, sobretudo estrangeiras, como a Nestlé, Coca-cola e Suez, entre outras.
5.O atual modelo energético prioriza as grandes hidrelétricas, principalmente na Amazônia, e transforma a energia em mercadoria. Privatiza, destrói e polui o ambiente, aumenta cada vez mais as tarifas da energia elétrica ao povo brasileiro, privilegia os grandes consumidores eletrointensivos e entrega o controle da energia às grandes corporações multinacionais, colocando em risco a soberania nacional.
6.As tentativas de modificação no atual Código Florestal, proposto pela bancada ruralista a serviço do agronegócio, autoriza o desmatamento das áreas, buscando apenas o lucro fácil.
7.As articulações das empresas transnacionais, falsas entidades ambientalistas e alguns governos do hemisfério Norte querem transformar o meio ambiente em simples mercadoria. E introduzir títulos de créditos de carbono negociáveis nas bolsas de valores - inclusive para isentar as empresas poluidoras do Norte - e gerar oportunidades de lucro para empresas do Sul, enquanto as agressões ao meio ambiente seguem livremente pelo capital.
8.As políticas que privatizam o direito de pesca, desequilibram o meio ambiente nos rios e no mar e inviabilizam a pesca artesanal, da qual dependem milhões de brasileiros.
9.A lei recentemente aprovada que legaliza a grilagem, regularizando as áreas públicas invadidas na Amazônia até 1500 hectares por pessoa (antes era permitido legalizar apenas até 100 hectares). Somos contra o projeto de lei do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) que reduz a Reserva Florestal na Amazônia em cada propriedade de 80% para 50%.
II – PROPOMOS UM NOVO PROGRAMA PARA A AGRICULTURA BRASILEIRA
Um programa que seja baseado nas seguintes diretrizes:
1.Implementar um programa agrícola e hídrico, que priorize a soberania alimentar de nosso país, estimule a produção de alimentos sadios, a diversificação da agricultura, a Reforma Agrária, como ampla democratização da propriedade da terra, a distribuição de renda produzida na agricultura e fixação da população no meio rural brasileiro.
2.Impedir a concentração da propriedade privada da terra, das florestas e da água. Fazer uma ampla distribuição das maiores fazendas, instituindo um limite de tamanho máximo da propriedade de bens da natureza.
3.Assegurar que a agricultura brasileira seja controlada pelos brasileiros e que tenha como base a produção de alimentos sadios, a organização de agroindústrias na forma cooperativas em todos os municípios do país.
4.Incentivar a produção diversificada, na forma de policultura, priorizando a produção camponesa.
5.Adotar técnicas de produção que buscam o aumento da produtividade do trabalho e da terra, respeitando o ambiente e a agroecologia. Combater progressivamente o uso de agrotóxicos, que contaminam os alimentos e a natureza.
6.Adotar a produção de celulose em pequenas unidades, sem monocultivo extensivo, buscando atender as necessidades brasileiras, em escala de agroindústrias menores.
7.Defender a “política de desmatamento zero” na Amazônia e Cerrado, preservando a riqueza e usando os recursos naturais de forma adequada e em favor do povo que lá vive. Defender o direito coletivo da exploração dos babaçuais.
8.Preservar, difundir e multiplicar as sementes nativas e melhoradas, de acordo com nosso clima e biomas, para que todos os agricultores tenham acesso.
9.Penalizar rigorosamente todas as empresas e fazendeiros que desmatam e poluem o meio ambiente.
10.Implementar as medidas propostas pela Agência Nacional de Águas (Atlas do Nordeste), que prevê obras e investimentos em cada município do Semi-Árido, que com menor custo resolveria o problema de água de todos os camponeses e população residente na região.
11.Assegurar que a água, como um bem da natureza, seja um direito de todo cidadão. Não pode ser uma mercadoria e deve ser gerenciada como um bem público, acessível a todos e todas. Defendemos um programa de preservação de nossos aquíferos, como as nascentes das três principais bacias no cerrado, o aquífero guarani e a mais recente descoberta do aquífero alter do chão, na região amazônica.
12.Implementar um novo projeto energético popular para o país, baseado na soberania energética e garantir o controle da energia e de suas fontes a serviço do povo brasileiro. Assegurar que o planejamento, produção, distribuição da energia e de suas fontes estejam sob controle do povo brasileiro. Também, estimular todas as múltiplas formas de fontes de energia, com prioridade para as potencialidades locais e de uso popular. Exigir a imediata revisão das atuais tarifas de energia elétrica cobradas à população, garantindo o acesso a todos a preços compatíveis com a renda do povo brasileiro
13.Regularizar todas as terras quilombolas em todo país.
14.Proibir a aquisição de terras brasileiras por empresas transnacionais e “seus laranjas”, acima do modulo familiar.
15.Demarcar imediatamente todas as áreas indígenas e promover a retirada de todos os fazendeiros invasores, em especial nas áreas dos guaranis no Mato Grosso do Sul.
16.Promover a defesa de políticas públicas para agricultura, por meio do Estado, que garantam:
a) Prioridade para a produção de alimentos para o mercado interno;
b) Preços rentáveis aos pequenos agricultores, garantindo a compra pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab);
c) Uma nova política de crédito rural, em especial para investimento nos pequenos e médios estabelecimentos agrícolas;
d) Uma política de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) definida a partir das necessidades dos camponeses e da produção de alimentos sadios;
e) Adequar a legislação sanitária da produção agroindustrial às condições da agricultura camponesa e das pequenas agroindústrias, ampliando as possibilidades de produção de alimentos;
f) Políticas publicas para a agricultura direcionadas e adequadas às realidades regionais.
17.Garantir a manutenção do caráter público, universal, solidário e redistributivista da seguridade social no Brasil, como garantia a todos trabalhadores e trabalhadoras da agricultura. Garantir o orçamento para a Previdência Social e a ampliação dos direitos sociais a todos trabalhadores e trabalhadoras, como os que estão na informalidade e os trabalhadores domésticos.
18.Rever o atual modelo de transporte individual, e desenvolver um programa nacional de transporte coletivo, que priorize os sistemas ferroviário, metrô, hidrovias, que usam menos energia, são menos poluentes e mais acessíveis a toda população.
19.Assegurar a educação no campo, implementando um amplo programa de escolarização no no meio rural, adequados à realidade de cada região, que busque elevar o nível de consciência social dos camponeses, universalizar o acesso dos jovens a todos os níveis de escolarização e, em especial, ao ensino médio e superior. Desenvolver uma campanha massiva de alfabetização de todos adultos.
20.Mudar os acordos internacionais da Organização Mundial do Comércio (OMC), União Europeia-Mercosul, convenções e conferencias no âmbito das Nações Unidas, que defendem apenas os interesses do capital internacional, do livre comércio, em detrimento dos camponeses e dos interesses dos povos do sul.
21.Aprovar a lei que determina expropriação de toda fazenda com trabalho escravo. Impor pesadas multas às fazendas que não respeitam as leis trabalhistas e previdenciárias. Revogação da lei que possibilita contratação temporária de assalariados rurais, sem carteira assinada.
Por trabalho, alimento sadio, preservação ambiental, um novo modelo agrícola e soberania nacional!
Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal - ABEEF
Conselho Indigenista Missionário - CIMI
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Movimento das Mulheres Camponesas - MMC
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Pastoral da Juventude Rural - PJR
Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Brasil

sábado, 9 de abril de 2011

A tragédia em Realengo: mais um alerta ao bullying


Todos ficamos chocados com a recente tragédia no Rio, onde um jovem de 23 anos fez uma verdadeira chacina em um colégio do Rio de Janeiro. Todos logo acusaram o assassino, no entanto tem que ser destacado que ele era mais uma vítima de Bullyng.

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.

Em entrevista, um jovem que estudou com ele disse que ele era muito zoado pela turma, na entrevista ele afirma “Eu me lembro muito, o Wellington era o ‘bundão’ da turma, era um cara totalmente tranquilo, um bobão. Implicavam bastante com ele, zuavam ele de tudo o que é nome”, contou Bruno. Mas depois o jovem ressaltou: “Ele apesar de ser bundão, ele tinha um sorriso assustador”. E ainda completou “Não dá para acreditar que um garoto que era o bobo da sala se tornou um criminoso”.
Pois bem, ele se tornou! Não quero aqui justificar a morte de 12 crianças pelo Bullying, é certo que você passar dois anos sendo caçoados pelos colegas não justifica chegar ao ponto de matar pessoas, essas que nem sequer eram aqueles que zoavam, mas o Bullying influenciou para que ele cometesse o ato.
Ele já era zoado pelo jeito dele, talvez ele já tivesse problemas psíquicos e/ou sociais e o fato de ser zoado por isso pode o ter levado a aumentar seus problemas e consequentemente tramar a tragédia.

Destaco que essa não é a primeira tragédia como essa, em 28 de janeiro de 2003, em Taiúva, a 363 km de São Paulo, um ex-aluno de 18 anos entrou na escola e atirou contra os estudantes no momento do intervalo, atingindo sete pessoas. Depois, se suicidou. Segundo a polícia, o jovem era vítima de bullying escolar. Atingido na coluna, um estudante que tinha 18 anos, na época do crime, ficou paraplégico.
Nos EUA isso é muito freqüente devido a facilidade de obtenção de armas, quem não lembra do sul-coreano que matou 32 pessoas em uma Universidade nos EUA e logo depois suicidou-se, ele também era vitima de bullying.
Isso é um problema sério e precisa ser debatido nas escolas para que tragédias como essa não venha ocorrer mais. Como já afirmara nada justifica tirar a vida de uma pessoa, mas nunca sabemos quem são capazes de tais coisas pode ser até mesmo o “bobo” da sala.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Novo Código Florestal: defendendo o "Desenvolvimento Sustentável?"

O novo código florestal proposto pelos ruralistas, está gerando uma grande discussão entre os mesmos e os ambientalistas e movimentos sociais que são contra a aprovação da atualização do código.



Entre outras leis o novo código prevê que os pequenos agricultores não sejam obrigados a deixar sua área de reserva legal, pois para eles o pequeno produtor não tem condições de deixar uma área preservada, isso é até verdade, mas essa não é a solução, a frente direi por quê. Ele prevê também que haja a diminuição da área destinada às matas ciliares e o perdão das multas daqueles que desmataram antes de 2008.

O fato é que a decisão da aprovação do novo código florestal está nas mãos do deputado ruralista Aldo Rebelo do PC do B, ele por sinal após descer do palco montado para a reivindicação dos ruralistas afirmou: "É muito bom que produtores venham a Brasília e demonstrem que podem produzir sem desmatar. Até o fim da semana, apresento as modificações já depois de receber sugestões".

Um dia após o protesto dos defensores da aprovação Ambientalistas se uniram a manifestantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) para fazer um protesto em frente ao Congresso Nacional, nesta quinta-feira (7), contra o projeto do Código Florestal.


Representantes do grupo se reuniram com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e com o presidente da Câmara, Marco Maia, para entregar um documento com sugestões e críticas ao projeto.

Uma das representantes do grupo de ambientalistas, Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), disse que o protesto realizado por ruralistas na última terça-feira (5) não condiz com a vontade de toda classe. "Este movimento hoje só veio mostrar que a manifestação de terça-feira não representa a vontade e os interesses de todos os trabalhadores rurais do Brasil", afirmou.

Não sei o que continha nesse documento que foi entregue à ministra, mas com certeza o projeto do novo código florestal beneficia somente os produtores e esquecem que a natureza já está tão maltratada e isso apenas prejudicaria ainda mais essa situação. Destaco que isso comprova que o capitalismo jamais buscará o “desenvolvimento sustentável” já que no seio do sistema atual vigente isso é impossível, pois o mesmo incentiva a produção em massa e a sociedade do consumo e isso contradiz a preservação ambiental.

Se os pequenos produtores não podem produzir em pequenas propriedades a solução não é desmatar já que isso traria outro problema, mas sim a efetivação da Reforma Agrária distribuindo as terras justamente, que é proposta do socialismo. Destaco aqui que essa distribuição não iria tirar de um dono para dá a outro, mas sim corrigir um problema ocorrido no período colonial (Sesmarias e Lei de Terras), onde os grandes latifundiários receberam “gratuitamente” grandes extensões de terras e assim surgindo o latifúndio.

O mais engraçado é que o deputado Aldo Rebelo defensor da aprovação, é do PC do B que está anunciando na TV como um partido socialista, isso é contraditório não acham? rss

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Suspensão da construção de Belo Monte: um reflexo da força do povo

A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes.
Karl Marx
A polêmica em torno da construção da Usina de Belo Monte no Pará, que já dura mais de 20 anos ganhou mais um capítulo. Em resposta a carta enviada pelos índios, a Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu ao Brasil que suspenda a obra de construção da mesma.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que as solicitações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA são precipitadas e injustificáveis e que a autorização para a obra foi concedida pelo Congresso Nacional. A nota afirma ainda que foram feitos estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e de natureza antropológica em relação às comunidades indígenas.

O projeto prevê a construção da hidrelétrica no rio Xingu, perto de Altamira, no Pará. Ao todo, 500 quilômetros quadrados de floresta serão inundados para formar o reservatório da usina. A obra é estimada em R$ 25 bilhões de reais.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou ainda que as comunidades indígenas foram ouvidas pelo IBAMA e pela FUNAI. O IBAMA já concedeu licença para a instalação dos canteiros de obras, mas a licença para a construção da usina ainda está em análise.
Mas vocês podem está se perguntando, o que a primeira frase do artigo tem a ver com isso? Eu respondo, tudo.

Os movimentos sociais e lideranças indígenas da região são contrários à obra porque os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados. Em outubro de 2009, por exemplo, um painel de especialistas debruçou-se sobre o EIA e questionou os estudos e a viabilidade do empreendimento. Um mês antes, em setembro, diversas audiências públicas haviam sido realizadas sob uma saraivada de críticas, especialmente do Ministério Público Estadual, seguido pelos movimentos sociais, que apontava problemas em sua forma de realização.

Ainda em outubro, a FUNAI liberou a obra sem saber exatamente que impactos causaria sobre os índios e lideranças indígenas kayapó enviaram carta ao Presidente Lula na qual diziam que caso a obra fosse iniciada haveria guerra. Para culminar, em fevereiro de 2010, o Ministério do Meio Ambiente concedeu a licença ambiental, também sem esclarecer questões centrais em relação aos impactos socioambientais.

Na memória dos brasileiros, essa disputa ficou marcada pelo gesto de advertência da índia kaiapó Tuíra, que tocou com a lâmina de seu facão o rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, aliás presidente da estatal durante o governo FHC. O gesto forte de Tuíra foi registrado pelas câmaras e ganhou o mundo em fotos estampadas nos principais jornais brasileiros e estrangeiros. Ocorrido pouco mais de dois meses após o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em Xapuri (AC), que teve repercussão internacional, o encontro de Altamira adquiriu notoriedade inesperada, atraindo não apenas o movimento social e ambientalista, como a mídia nacional e estrangeira.
O fato é que a Usina de Belo Monte, como é o caso da transposição do Rio São Francisco é incentivada pelo governo como uma obra que ajudará no “desenvolvimento”. O governo afirma que ouviu os índios e fez o estudo ambiental, mas na verdade isso não aconteceu, pois se tivesse ouvido eles não teriam continuado as obras, pois os mesmos são contras, e são porque além da grande devastação ambiental necessária para a obra obrigará muitos índios a se deslocarem de seus locais de origem e isso seria um retrocesso à época colonial quando os portugueses que aqui chegaram tomaram as terras pertencentes ao índios e dizimando-os.
Mas a resposta da OEA mostra que quando o povo se une em um objetivo, este é alcançado, foi assim em inúmeras revoluções na história, nas diretas já no MST que cada vez mais ganha seu espaço e na força daqueles índios que mostraram para nós que nem sempre o que passam pra gente é a verdadeira realidade.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Amazônia: uma vilã do Aquecimento Global?


Sabemos que as mudanças climáticas são provocadas por diverso fatores, porém recentemente chegaram a conclusão de que o principal responsável é o homem, com toda sua exploração natural.
Engraçado é que entre muitos culpados consideraram também as vacas por emitirem uma grande quantidade de metano quanto soltam seus gases (se é que me entendem).
Agora vieram com mais uma: uma reportagem no fantástico, (http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1657141-15605,00.html)relatou que estudos científicos percebeu que as recentes secas ocorridas na Amazônia fizeram da mesma sair de ajudante natural a vilã do aquecimento global. Entenda por que: para uma árvore crescer, ela precisa de carbono e esse carbono é capturado no ar, a árvore retira da atmosfera o gás carbônico. Quando a árvore morre, no processo de decomposição, a maior parte desse gás é liberada de volta.

Normalmente, a Floresta Amazônica retira mais gás carbônico da atmosfera do que emite e chega ao final de um ano com um saldo positivo, de 1,5 bilhão de toneladas. Só que a seca do ano passado provocou uma redução no ritmo de crescimento da floresta. E, com isso, ela deixou de capturar três bilhões de toneladas.

Além disso, a mortalidade de milhões de árvores vai provocar a emissão de outros cinco bilhões de toneladas. Um número dá importância dessa emissão: os Estados Unidos, com toda a sua produção industrial e seus automóveis, emitem 5,4 bilhões de toneladas por ano.
O fato é que isso mostra mais uma vez que o sistema a qual vivemos procura colocar culpa cada vez mais na natureza em vez de reconhecer que o sistema capitalista e a industrialização que em nome do "desenvolvimento" acelera e muito as mudanças climáticas.
Não discuto aqui a veracidade da grande emissão de gás carbônico na região mas, temos que lembrar que grande parte dessa emissão se deve às imensas queimadas provocadas principalmente para a implementação da agropecuária da região.
Fato esse que diminui a culpa da "seca" para essa grande emissão, lembro aqui também, que essas secas sucessivas na Amazônia já é reflexo da aceleração das mudanças climáticas provocadas pelo homem através da industrialização.
Sendo assim, devemos sempre refletir até mesmo sobre o que a ciência diz, devemos ver o mundo em sua totalidade e não simplesmente por fatos isolados, o sistema atual vigente provoca a discussão do aquecimento global mas na prática não fazem nada para reduzir esse processo, uma prova clara é os EUA maior emissor de carbono e a nação "mais poderosa" não ter feito parte da Convenção de Copenhague (2009) que procurava soluções para esse problema.

sábado, 2 de abril de 2011

A ironia do Capitalismo

O querido Milton Santos em seu livro "Por uma outra Globalização" nos alertava para O Capitalismo perverso, um sistema que visa somente o lucro e a movimentação do capital sem importar com os seres humanos, ouvi uma frase de um autor que não me lembro o nome a qual ele dizia "Deus fez o Homem para amar e as coisas para usar, no entanto os homens estão cuidando das coisas e usando os homens", o fato é que esse sistema atual vigente preza o materialismo sem importar com as condições oferecidas aos homens.
Por outro lado há a base socialista idealizada pelo grande teórico Karl Marx, ele acreditava que somente a substituição do sistema atual vigente por um outro baseado na comunhão (socialismo) poderia enfim acabar com as grandes desigualdades sociais.
No entanto quando suas ideias começavam a serem implantadas através das lutas sociais (com o surgimento da URSS (União Republicana Socialista Soviética) os grandes capitalistas passaram a tratar os comunistas (aqueles que buscavam a implantação do socialismo em seus países) como criminosos e por isso até hoje grande parte da sociedade quando ouvem falar dos mesmos já imaginam como pessoas no patamar de traficantes e/ou assassinos.
Hoje Cuba é tratada como um país ruím de se viver, no entanto lá é "ruim" para aqueles que desejam uma vida de luxo, é uma pena que nós humanos somos muito apegados as coisas materiais e talvez por isso o socialismo na prática não tenha dado certo, no entanto como já citei, em Cuba as pessoas têm direito a educação e assistência a saúde de boa qualidade.
Pois bem, o engraçado é que nas crises do capitalismo ou nas grandes tragédias naturais se utilizam do socialismo para amenizar os problemas ou para superar a crise.
Na tragédia recentemente no Japão, as atenções se voltam tanto para os prejuízos provocados pelo desastre quanto pela risco nuclear, é claro que isso são grandes problemas e é natural que seja discutida.
Mas o que chamo atenção é a ironia do capitalismo, o Japão é um dos países mais industrializados, a 3ª potência mundial e cresceu através do moldes capitalistas e agora para reeguer-se necessita da solidariedade e da comunhão dos povos que fazem parte das ideias socialistas.
Eis então a Pergunta se o capitalismo é o melhor para o mundo porque se utilizam dos processos socialistas para superarem seus problemas? Caso tenham alguma resposta para isso respondam nas postagens, pois eu gostaria de saber rsss

Ramos da Geografia

A definição mais comum que vemos sobre a geografia é que ela é a ciência que estuda o espaço modificado pelo homem, no entanto podemos acrescentar que além do espaço modificado, ela estuda também o processo de modificação desse espaço. Nesse sentido podemos difidir a Geografia em dois grandes grupos: a Geografia Física e a Geografia Humana.

A Geografia Física
.
É uma Ciência da Terra (geociência), que estuda o espaço físico da mesma, como o clima, a vegetação e a fauna, o solo, os rios, os mares e oceanos, as paisagens e como tudo isso se formou e se distribuiu no espaço.
.
De uma forma mais geral, podemos subdividir o objeto de estudo da Geografia Física em:
.
1 - litosfera
.
A litosfera (do grego λίθος [líthos] = "rocha" + σφαίρα [sfaíra] = "esfera") é a camada sólida mais externa do planeta Terra, constituída por rochas e solo. É também denominada como crosta terrestre.
.
2 - Hidrosfera
.
Hidrosfera (do grego ύδωρ [hydor] = "água" + σφαίρα [sphaira] = "esfera") é o conjunto de todas as águas do planeta, os quais formam uma camada descontínua sobre a superfície da Terra. Compreende todos os rios, lagos, lagoas e mares e todas as águas subterrâneas, bem como as águas marinhas e salobras, águas glaciais e lençóis de gelo, vapor de água, as quais correspondem a 71% de toda a superfície terrestre.
.
3- Atmosfera
.
A atmosfera (do grego ἀτμός [Atmos] = "vapor de água, vapor, ar" + σφαῖρα [sphaira] = "bola, esfera"), é uma camada de gazes que cobrem a superfície da Terra graças à ação da força gravitacional.
.
4- Pedosfera
.
O pedosfera é uma parte da geosfera e descreve a interface entre a atmosfera e a litosfera. É uma zona fronteiriça da superfície da Terra em que a litosfera, a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera interagem entre si.
.
5- Biosfera
.
A biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas terrestres, ou seja, é a zona onde se encontra vida na Terra. Nela encontramos todos os seres vivos, suas interrelações e suas interações com o meio físico (litosfera, atmosfera e hidrosfera).
.
Diversas disciplinas se enquadram em maior ou menor grau no que chamamos de Geografia Física, dentre as quais: Biogeografia, Climatologia, Geomorfologia, Hidrografia, Geografia ambiental, Paleogeografia, Geografia, Astronômica.
.
Áreas de Suporte - Cartografia, Toponímia, Sensoriamento Remoto, Sistema de Informação Geográfica (SIG), Geologia, Pedologia, Glaciologia, Hidrografia, Oceanografia, Meteorologia, Antropologia Sociologia, Filosofia e Estatística.

Geografia humana
.
É uma ciência humana que se consagra ao estudo e a descrição da interação entre a sociedade e o espaço. Ela ajuda o homem a entender o espaço em que vive. Pode-se compreender o objeto da geografia humana como sendo a leitura crítica das percepções e transformações humanas sobre o espaço que a compreende, no transcorrer do tempo, assim como a incidência do espaço sobre a sociedade bem como o estudo do homem em que vivemos nos sentido da relação do homem com o espaço, o homem espacializado.
.
Teoria e Metodologia em Geografia Humana/Epistemologia da Geografia Humana
.
Dentro de cada campo da geografia humana se pode utilizar diferentes abordagens filosóficas para a pesquisa; por isto um geógrafo humano pode ser um geógrafo urbano marxista ou um geógrafo urbano feminista etc. Tais abordagens são:
.
Geografia do comportamento , Geografia crítica, Geografia feminista,Geografia marxista .


Uma grande pergunta na geografia humana é se existe uma unidade básica de estudos (ou escala "geral") para estudar/analisar o espaço), e quál seja esta unidade. A pergunta é cómo delimitar o espaço para que a sua análise seja mais fácil? Exemplos de escalas básicas de geografia humana podem ser:

Habitat, Local; Lugar; Meio (meio ambiente, meio cultural,...); Paisagem( campo visual)

Método
Como em todas as ciências, na geografia humana se utiliza métodos e conceitos que servem para soster teorias.

Entre outros grupos de métodos na geografia humana destacam-se: o "positivista", o "humanistico-hermeneutico", e o "estrutural", estruturalista; fenomenológico; funcionalista; neopositivista; teoria de sistemas e a dialética marxista, esta última é a que utilizamos neste blog, pois ver o mundo em sua totalidade, pois acredita-se que apenas uma transformação no sistema atual vigente poderá diminuir as grandes desigualdades existentes.

Campos da geografia humana
.
Como a geografia humana estuda a própria sociedade através do espaço (ou a espacialidade da vida social), as dimensões do estudo da geografia humana são as dimensões básicas da sociedade, ou seja a dimensão económica, a dimensão política, e a dimensão cultural da sociedade, entre outras coisas; resultam a geografia económica, a geografia política, e a geografia cultural, entre outros campos da geografia humana:

Geografia econômica, Economia, Geografia cultural, Antropologia, Geografia social, Sociologia, Geografia histórica, História, Geografia agrária, Geografia ambiental Estudos ambientais, Geografia médica,Medicina e Saúde, Geografia política e Geopolítica, Ciencia política, Geografia estratégica, Geoestrategia, Urbanismo, Arquitectura, Ecologia humana, Geografía humana.