Por Janaina Stronzake
Militante do MST
De Nova York/Estados Unidos
Em setembro de 2011, alguns jovens tiveram a idéia de
acampar em Wall Street, uma rua de Nova York, famosa por abrigar as
maiores corporações financeiras do mundo, para exigir que os
financistas devolvam o que haviam roubado.
Eles não receberam muita atenção. E uns dias depois, a polícia
tentou despejá-los. Foi quando os holofotes se voltaram ao grupo e
então já era uma multidão de caras e vozes ocupando a praça.
Com a convocatória mundial para ocupações no dia 15 de outubro, vem
um novo fôlego, com sindicatos e grupos organizados se juntando à
ocupação. Talvez o “Occuppy Wall Street” não seja a maior ocupação do
mundo, não tenha mais pessoas, talvez não seja a mais organizada. Mas é
a que está no coração financeiro do capitalismo.
Na praça está proibido o uso de microfones. Quando alguém fala à assembleia, as palavras vão sendo repetidas pela multidão.
Quando
o MST levou sua solidariedade ao povo mobilizado em Wall Street,
centenas de vozes repetiram, com os punhos levantados: “ocupar,
resistir e produzir”.
De certa forma, é esse o compromisso do MST e de todos os que ocupam
Nova York: ocupar o mundo, resistir coletivamente e produzir outra
cultura e um outro mundo.
Ali na praça, a voz é aberta. De um lado, um grupo de asiáticos e
asiáticas batem tambores e parecem rezar. Do outro, tambores africanos
ressoam durante todo o dia. À esquerda, dois homens distribuem
panfletos enquanto entoam sem parar “ajuda para as pequenas empresas”.
Mímicos, jornalistas, hippies, estudantes, desempregadas... Alguns
descansam, outros fazem reuniões. E a cozinha coletiva no meio de tudo.
Há quem está ali porque deseja mais empregos. Há quem queira parar a
onda neoliberal. Todas e todos querem o fim do capitalismo, por meio
da quebra do mercado financeiro. Ouvimos um homem de mais ou menos 40
anos dizer “estou aqui porque não posso olhar meus filhos e dizer que
não lutei”.
Ainda não se sabe exatamente o rumo que as ocupações, que se
multiplicam por outras cidades nos Estados Unidos e no mundo, vão
tomar. Uma assembleia soberana decidirá em algum momento esse rumo. Por
enquanto, expressões diversas vão galvanizando desejos de um outro
mundo.
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