quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Revisando a visão do semi-árido



Quando se ouve falar em semi-árido, a visão de grande parte da população é semelhante ao que se vê na imagem ao lado. Um lugar onde há pouca água, pouco alimento, pouca vida e nenhuma perspectiva futura dos homens que nela vive.







Mas outra imagem está sendo imposta na cabeça das pessoas, pelos grupos determinantes em nossa região: a visão do agronegócio, como eles dizem "uma paisagem antes seca dá o lugar para a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco.



Para muitos essa é ma visão moderna, onde o inimaginável acontece, pois como sabemos o pólo Petrolina-Juazeiro, se tornou uma região respeitada, graças a sua grande exportação de frutas, isso sem contar que dentre essas frutas se encontra a uva, fruta típica de regiões úmidas, mas que adaptou-se muito bem a essa região. Porém é necessário notar que os grandes beneficiados com tudo isso, são uma parcela mínima da população, a qual detém todos os lucros do agronegócio.
Portanto, é necessário "revisar nossas visões", relato isso porque as vezes acabamos nos alienando com todo esse processo, nos orgulhamos de está em uma região "próspera" e nos esquecemos que enquanto aquela parcela mínima da população se beneficia em todos os sentidos, existem ainda muitas pessoas sendo tratadas piores que animais dentro da mesma região, pois enquanto estão exportando alimentos, essas pessoas muitas vezes esquecidas pela sociedade, continua passando fome.
Observamos aqui, os dois lados de um mundo voltado para o capital. Pois se fosse verdade aquela primeira visão onde no semi-árido há escassez de água, por que então muita água é utilizada diariamente para a fruticultura?
Sabemos que o semi-árido tem seus grandes problemas, mas como já dizia Dom José Rodrigues, "no semi-árido não falta água, falta justiça!". Aqui chove mais que a Europa, nossa região tem uma média de 700mm anuais, os comuns períodos de seca acontecem devido a dois fatores: a alta taxa de evapotranspiração 3000mm anuais, e a concentração de chuvas durante três ou quatro meses, enquanto os demais meses do ano são caracterizados pelo "sol escaldante", como diz o povo na região.
Então se aqui tem água, por que ainda sofremos por falta dela principalmente na área sequeira? Nisso implica a segunda parte da frase do Bispo, Justiça!, o que nos falta, são políticas públicas voltadas para o povo como um todo, e não projetos que estejem a serviço da classe dominante.
É comum ouvirmos que agora os sertanejos vivem melhor devido ao bolsa família por exemplo, mas quando analisamos esse benefício em sua totalidade, percebemos que isso não é só um meio de amenizar as revoltas populares, mas também um jogo político que faz o povo contentar-se com o pouco que recebe, sem perceber que se houvesse projetos de convivência com o semi-árido, voltado para não só a construção de cisternas, mas também que visem a vida econômica da população como por exemplo, a agricultura familiar. Pois não adianta ter água no copo se não há uma comida "decente" em seu prato. Pois a "esmola" que essas famílias recebem auxiliam na hora de fazerem seuas compras, porém não é suficiente para ter em sua mesa verduras e carne todos os dias.


Várias são as discussões a respeito da convivência com o Semi-árido, e hoje existem vários grupos como a ASA (Articulação do Semi-Árido), IRPAA (Instituto Reegional da Pequena Agropecuária Apropriada), e são várias os projetos científicos onde mostra que é possível conviver com o semi-árido, de uma forma até mesmo, sustentável e de baixo custo, diferentemente de projetos faraônicos como a Transposição do São Francisco.
E uma prova de que é possível está inclusive na irrigação, onde se todo o investimento feito fosse revertido à população não veríamos mas as cenas de pessoas morrendo de fome ou de sede. Pois métodos de convivência existem só faltam políticas que se voltem não apenas para o capital, mas sim para o homem.

2 comentários:

  1. COMO JÁ SABEMOS O PROBLEMA DO SEMI-ÁRIDO NÃO É A SECA, MAS A CERCA, POIS VÁRIOS JÁ FORAM OS PROJETOS PARA AMENIZAR OU ATÉ MESMO EXTINGUIR O SOFRIMENTO DO SERTANEJO PELA ESCASSEZ DE ÁGUA, MAS OS MESMOS SEMPRE FAVORECERAM A CLASSE DOMINANTE, OS CORONÉIS DE ANTIGAMENTE QUE ANDAVAM À CAVALO E OS DE HOJE DE COLARINHO BRANCO E QUE TROCARAM OS CAVALOS POR CARROS DE LUXO.

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  2. Olá!

    Sim, é preciso coragem e vontade política para resolver esse problema que é muito grave, tanto do ponto de vista humano como do ponto de vista do meio ambiente. As autoridades, principalmente as estaduais e federais deveriam cuidar com muito mais responsabilidade essa área tão castigada e sofrida.

    Abraços

    Francisco Castro

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